quinta-feira, 30 de abril de 2009



DESBRAVADORES E FUNDADORES: Os irmãos Cassimiro de Lanna e Domingos de Lanna (1837); Francisco Alves do Valle e herdeiros (José, Jacob, Francisco e Manoel Alves do Valle e suas irmãs), Manoel Luiz de Faria, João Pinto de Oliveira, Francisco Amâncio Alves Torres, Cap. Antonio Martins Pinheiro, os Nunes de Morais, Cel. João Domingos da Silva e Joaquim José da Silveira.


DENOMINAÇÕES:

São Sebastião de Entre Rios – distrito criado pela Lei Municipal n° 146, de 3 de fevereiro de 1902 (Ponte Nova). Em 1911 pertencia ao município de Rio Casca.

Matipóo – Emancipação municipal - Lei estadual n° 843, de 7 de setembro de 1923.

Raul Soares – Nova denominação do município de Matipóo – Lei estadual n° 862, de 19 de setembro de 1924.

EXTENSÃO TERRITORIAL: 771 Km2

POPULAÇÃO RECENSEADA E ESTIMADA PELO IBGE EM 2007: 23.901 habitantes.

ELEITORES (ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2008): Sede - 10.191 eleitores; distritos e povoados - 5.695 eleitores. Total: 15.886 eleitores.


PODER LEGISLATIVO: Instalado em 20 de janeiro de 1924.

PODER JUDICIÁRIO: Comarca de Raul Soares instalada em 12 de abril de 1936.

ATIVIDADES ECONÔMICAS: Comércio, indústria, pecuária, agricultura.

AGÊNCIAS BANCÁRIAS: Banco do Brasil S/A, Caixa Econômica Federal, Banco Itaú S/A e BANCOOB.

ESCOLAS: Estaduais e municipais, ASSECRAS – Associação Educacional Comunitária de Raul Soares (Informática), Colégio Anglo, Universidade Presidente Antonio Carlos, Go – Ahed e CCA (Inglês e Espanhol), Ensino especializado: APROMAI - Associação de Proteção à Maternidade e a Infância e APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais.

PROVEDORES DE INTERNET, VIA RÁDIO: Signet e Netinova.

COMUNICAÇÃO: Rádio comunitária UAI, Jornal de Raul Soares, Jornal Expressão Popular.

EVENTOS CULTURAIS E ESPORTIVOS: Carnaval (o melhor da região) - Semana Santa (com quadros vivos) - Exposição agropecuária - Campeonato de voo livre - Campeonato mineiro de jogo de damas - Campeonato Regional do Açucar (Futebol) - Jet ski no lago da usina do Emboque, Olímpíada e Festival de música, Comemoração da emancipação do município


Destaques Municipais
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Destaques Municipais


Agripino Bondi

Nasceu em Raul Soares em 2 de maio de 1932 sendo seus pais Antônio Bondi Carvalho e Maria Campos Bondi. Foi casado com Ecy Alvarenga Bondi, de Rio Casca (MG), filha de José Serra Alvarenga e Laura Flora da Cruz. Constituíram uma família com as características das melhores famílias de nossa terra.

Uma das particularidades marcantes da personalidade de Pipi, como ele era mais conhecido, foi sua discreção e coerência política. Companheiro fiel de Gerardo Grossi e Wilson Damião mereceu de ambos a mais irrestrita e total confiança. Trabalhou com muito entusiasmo na campanha eleitoral de 1988 podendo ser considerado um dos artífices da retumbante vitória de Wiron. Conhecedor profundo de todos os recantos de nosso município colaborou eficientemente na programação da campanha de forma que a cobertura se fizesse sem quaisquer falhas. Filiado inicialmente à União Democrática Nacional, transferiu-se para a Aliança Renovadora Nacional - Arena, em conseqüência da extinção da UDN pela revolução de 1964. Posteriormente, engajou-se no Partido Democrático Social – PDS, sucessor da Arena. E mais adiante incorporou-se ao Partido da Frente Liberal – PFL, fundado por um grupo de políticos, entre estes Aureliano Chaves e Francelino Pereira, da ex-UDN, inconformados com as diretrizes impostas ao PDS. Foi um dos fundadores do diretório do PFL de Raul Soares.

Pipi foi vereador à câmara municipal de Raul Soares sendo seu vice-presidente na legislatura 1977/1982.

Foi comerciário trabalhando no Bazar São Cristovão, de propriedade de José da silva Maia. Pela sua conduta ilibada sólidos laços de amizade o uniu à família do proprietário.

Residiu por algum tempo fora de Raul Soares à procura de novas oportunidades de trabalho e desenvolvimento no estado do Paraná.

Voltando a Raul Soares foi proprietário do Hotel Natalino tornando a casa um local de referência para todos os representantes comerciais nas suas incursões por nossa região graças à fidalguia de trato e atenção que dispensava aos seus hóspedes.

Esportista, adepto da Associação Esportiva Raulsoarense - AER, participou ativamente de todas as ações que resultaram na construção da praça de esportes da avenida Professora Elza Bacelar, uma obra realmente muito importante para o esporte e lazer da família raul-soarense que acreditou, apoiou e tornou realidade um ambicioso projeto, um sonho julgado quase que inatingível.

Faleceu em Belo Horizonte, após uma cirurgia, sendo o seu corpo sepultado no cemitério de Raul Soares.

Em dezembro/96, por sugestão do prefeito José Constantino Gonçalves, acolhida prontamente pelo presidente da câmara municipal Sr. Joaquim Mariano de Souza, e com o apoio unânime dos senhores vereadores, foi-lhe prestada uma singela homenagem dando o seu nome ao plenário de nosso legislativo perpetuando a sua memória na história de nosso município.

Autoria: José Geraldo Leal

Alonso Rocha


Graduando-se em uma conceituada escola do País o jovem farmacêutico Alonso deu continuidade ao trabalho do pai - Rufino Rocha - na cidade de Raul Soares. A Farmácia Notre Dame ganhou nova forma e durante muitos anos funcionou na Av. Benedito Valadares, uma das principais artérias da cidade.

Casando-se com dona Tereza Machado Rocha constituíram uma família modelar. O filho Tarcísio, nascido em Rio Casca, mas que viveu parte da infância em Raul Soares, onde fez o curso primário no Grupo Escola Benedito Valadares, optou pela vida religiosa sendo ordenado sacerdote e licenciado em Teologia no Vaticano. Faleceu há pouco mais de um ano sendo o seu corpo velado e depois sepultado no Cemitério da Colina, em Belo Horizonte.

Alonso envolveu-se na política municipal integrando-se ao Partido Social Democrático - PSD, influenciado pela liderança do irmão Edmundo, advogado dos mais acatados nos foros do Estado de Minas Gerais pela sua erudição e saber jurídico. Alonso, contudo, não disputou eleições como candidato, como o irmão Edmundo, vereador em Rio Casca , por ocasião da criação do município de Raul Soares, que muito deve ao seu trabalho como Presidente da Câmara Municipal de Rio Casca. Foi também vereador em Raul Soares presidindo o legislativo municipal na legislatura de 1927 a 1930. Marcou presença como um dos chefes do movimento revolucionário de 30, neste rincão da Zona da Mata de Minas Gerais, tendo como companheiros José Martha Pires e João Domingos da Silva, este também vereador e que acabou por se tornar prefeito de Raul Soares, o primeiro após a revolução de 30.

Alonso sentiu-se desprestigiado quando com o amigo e compadre José Leal, na década de 40, empenhou-se e não conseguiram a reconstrução da ponte ligando a Rua Bom Jesus a Rua de Ubá, que fora arrastada pelas águas do rio Matipó, muito aumentadas por chuvas inclementes.

Tendo que se mudar para Belo Horizonte para cuidar melhor da educação dos filhos transferiu o seu estabelecimento para o jovem farmacêutico Sebastião Mendes Barros que após um período na praça de Raul Soares transferiu-se de armas e bagagens para Governador Valadares, no Vale do Aço. Sebastião foi muito feliz em sua decisão já que na Figueira do Rio Doce tornou-se um político vitorioso tendo em vista que foi prefeito e deputado estadual pelo partido liderado pelo Governador de São Paulo e uma grande liderança nacional, Adhemar de Barros.

Em Belo Horizonte Alonso não foi muito feliz na sua primeira iniciativa. Contava que fora ludibriado em uma transação ficando somente com um telefone como resultado da negociação para se lançar no mercado da capital. Contudo, mais adiante, firmou-se e para explorar o prestígio comercial das firmas americanas fundou uma empresa de distribuição de ferramentas e outros produtos para mecânica denominado-a SOUTHERN CROSS. Na sua linha de distribuição estavam os afamados abrasivos NORTON, de fabricação americana. Alonso tinha bom conhecimento do idioma inglês e por alguns meses lecionara a língua em Raul Soares, no Ginásio São Sebastião.

Autoria: José Geraldo Leal

Altivo Rodrigues de Matos

Altivo Rodrigues de Matos, ou simplesmente Altivo de Matos, foi um dos mais atuantes filhos adotivos de Raul Soares; no comércio, na indústria, na ação social, nas iniciativas da igreja católica, na atividade política. . .

Na década de 30 do século XX foi um empresário de muito prestígio na região com a firma Industrial São José, uma oficina mecânica para conserto de máquinas em geral, fundição de ferro e bronze, fabricação da máquina Vulcão para beneficiar café, engenhos de cana, moinhos para fubá, máquina para beneficiar arroz, turbinas Pelton, tubulações.

Foi agente autorizado para a venda de caminhões International, pneumáticos, correias e câmaras de ar Goodyear e Dunlop, distribuidor de querosene e gasolina Caloric, comprador e exportador de madeira.

Armazém São José, foi outra firma que fundou para a venda do cimento Cauê e de açúcar fabricado por usina de Ponte Nova, na qual tinha muitos amigos, com destaque para Acácio, um dos mais competentes técnicos do ramo em Minas Gerais.

Outra iniciativa de Altivo foi a fabricação de guaraná em uma pequena fábrica que instalou em Raul Soares.

Em 3 de dezembro de 1958 Altivo Matos inaugurou oficialmente a empresa Armazéns Gerais Matipó colocando ao serviço dos senhores fazendeiros, comerciantes e exportadores o armazenamento e conservação dos seus produtos:café, cereais, madeira etc. A inauguração do estabelecimento foi prestigiada com a presença de empresários e autoridades. Em palavras eloquentes o senhor Antonio Barcelos, gerente do Banco do Brasil S/A, congratulou-se pela iniciativa.

No inicio da construção da nova igreja matriz de Raul Soares, pelo padre Francisco Ermelindo Ribeiro, ao final da década de 30 (obra concluída pelo padre José Domingues na década de 50), Altivo Matos teve atuação relevante como membro da comissão encarregada do controle financeiro, da qual também participaram o Dr. Cristalino de Abreu Castro e Luiz Pereira de Lacerda.

Altivo de Matos foi um vicentino atuante empenhado na amparo ás pessoas menos favorecidas, fiel aos princípios legados por Frederico Ozanam.

Foi politicamente filiado ao Partido Social Democrático – P S D, e um entusiasta admirador de Getulio Vargas, Juscelino Kubitschek, Benedito Valadares, Israel Pinheiro, Luiz Domingos da Silva. . .

Foi um cidadão de reconhecida integridade.

Autoria: José Geraldo Leal

Amarílis Fernandes Grossi Vieira


Do pai, o festejado homem público e competente advogado - Dr. Gerardo Grossi - , Amarílis herdou agilidade de espírito na análise, e firmeza, na defesa de princípios e idéias, o poder de argumentação e convencimento, a clareza expositiva; da mãe, d. Carminha, o sexto sentido das mães, a fortaleza, em uma aparente fragilidade, o zelo e a responsabilidade na orientação aos filhos, a solidariedade e a fidelidade ao companheiro. Amarílis foi uma irmã muito amiga em uma família de seis irmãos; ela a única mulher. Para os sobrinhos uma atenção especial. incentivou e compreendeu.

A sua atuação profissional foi marcada por muita responsabilidade, abnegação e competência. foi dirigente de escola e professora. admirável o seu trabalho na Associação de Proteção à Maternidade e à Infância - Apromai. O alcance social desta entidade transcende de muito a compreensão de alguns desavisados sendo esta a única explicação para o estranho tratamento que lhe foi dado pelo poder público em um passado recente o que motivou uma reação enérgica do poder legislativo. Orientou. Abriu caminhos. Liderou. Foi responsável pela presença na Apromai da amiga pedagoga Neli Azevedo, filha do saudoso Adelino Azevedo, responsável pela contabilidade da prefeitura municipal de Raul Soares por muitos anos. Compartilharam também do trabalho na Apromai com destaque as professoras Helena Noronha, Virgínia Vieira, Helena Ferreira, amizade fraterna.

Prestou relevantes serviços à Justiça Eleitoral participando de junta escrutinadora de votos de vários pleitos.

Esteve presente à reorganização da Casa da Cultura, após um longo período de inatividade da entidade.

Rendendo-se aos desígnios de Deus aceitou com resignação e fortaleza de animo o sofrimento decorrente de insidiosa moléstia. Comovente a solidariedade de familiares e da sociedade que buscaram na oração o alento para momentos tão difíceis.

Amarílis, como ocorrera com os irmãos Ade e Júlio, nos deixou prematuramente. Sua falta, e incontáveis e insuspeitos existem neste sentido, tem se feito notar no estudo, encaminhamento e solução de muitas questões relacionadas a ações sociais de interesse para a comunidade. A conclusão: bem mais fácil seria a solução com a sua presença.

Autoria: José Geraldo Leal

Ângelo José Tartaglia


Sô Pipe, Pipe, assim era conhecido.

Filho de Ângelo Tartaglia e Laura Sabioni, oriundos da Itália. Fazia parte de uma família numerosa : Anita Tartaglia, Ricardo Tartaglia, Césare Augusto Tartaglia. Edmundo Tartaglia e Guiomar Tartaglia.

A sua infância foi no Bairro de Olaria, no Rio de Janeiro.

Uma das características peculiares à personalidade de Pipe, a maneira educada e solícita que dispensava a todas as pessoas.

Teve fases da vida muito atribuladas. Para sua felicidade encontrou em Lurdinha a companheira que lhe deu nova motivação e equilíbrio. Com Lurdinha teve os melhores dias de sua existência.

Foi um bom companheiro de trabalho do irmão Césare, sempre envolvido em atividades e experiências industriais. Espírito inquieto e realizador.

Pipe foi mecânico especializado em soldagem elétrica. No juízo de muitos foi o melhor soldador que Raul Soares já conheceu.

A sua habilidade e competência de soldador foi posta a prova certa época na preparação de corpos de prova submetidos ao Lloyds Register para obtenção de certificado de qualidade dos eletrodos Tartaglia. O seu trabalho foi perfeito. As falhas ocorridas no processo de soldagem decorreram exclusivamente de deficiências na fabricação do eletrodo em razão da falta de equipamentos de prensagem e de um bom laboratório.

Teve uma rápida passagem pela Fábrica de Enxadas.

Muitos, passados um bom número de anos, se lembram com nostalgia do papo amigo com Pipe na Portaria do Cine Marrocos onde estava todas as noites à espera da companheira Lurdinha, funcionária da casa. A sua experiência de vida transformava-se em conselhos hauridos com embevecimento e confiança por jovens interlocutores ávidos de orientação e curiosidade na busca dos bons caminhos para uma participação sadia e útil à comunidade.

Deixou boas recordações junto a todos aqueles com os quais conviveu e um número incontável de bons amigos.

Autoria: José Geraldo Leal

Aníbal Alves Martins

Aníbal Português, como era mais conhecido, nasceu na cidade de Ubá (MG) em 2 de fevereiro de 1916, Filho de João Alves Branco e D. Maria Delfina Alves. Casou-se em Raul Soares com D. Luiza Trevenzolli; foi a união de duas famílias de origem européia – portuguesa e italiana. Por contingências da vida coube-lhes assistir duas netas muito queridas: Melaine e Marilandes. No crepúsculo da vida o casal foi submetido a mais um duro teste: a morte inesperada do filho João.
Aníbal foi agricultor e político, sobretudo político. Levava jeito para a vida pública. Durante muitos anos prestou relevantes serviços á sociedade na assistência a menores.

Foi um dos políticos com maior número de mandatos de vereador, eleito oito vezes. Companheiro fiel e amigo do Dr. Gerardo Grossi e de Wilson Damião.

O primeiro mandato de Aníbal ele o conquistou em 1966, para a legislatura de 1967 a 1970.

Coincidiu a sua primeira eleição com a eleição do Dr. Sotero Silveira de Souza, um dos mais populares e queridos políticos de Raul Soares. Teve como colegas de câmara dois vereadores que mais adiante comandariam os destinos de Raul Soares, como prefeito municipal: Wiron Francisco de Souza Xavier e Dr. José Macário da Luz. E, mais: Joaquim Mariano de Souza (Fragoso), ainda hoje com forte presença na política municipal e Ruymar Fernandes Pombo, líder sindical. Os demais vereadores eleitos em 1966,inclusive os suplentes convocados, foram: José Chaves, Afonso José de Brito Filho, José Balbino Guedes, Wilson Menezes, Sebastião Ermita de Souza Ramos, Geraldo Rossignolli, Geraldo José de Melo, Irany de Lana Machado, José Cupertino Costa, Jorge de Souza Lima, Dr. Manoel Máximo Barbosa, José Vieira dos Anjos e José Marinho de Oliveira.

Os mandatos seguintes de Aníbal foram conquistados para as legislaturas de 1971/1972; 1973/1976; 1977/1982; 1983/1988; 1989/1992; 1993/1996 e 1997/2000.

Faleceu em Raul Soares em 4 de outubro de 2004.

Autoria: José Geraldo Leal

Antonio Queiroz

Antônio Queiroz foi um homem bom. Guarda-livros aplicado procurou sempre aprimorar os seus conhecimentos no sentido de apurar-se na prestação de seus serviços profissionais.

Foi o responsável pela adoção do sistema ficha-tríplice na escrituração de várias empresas de nossa cidade. Assimilou o sistema através da publicação “Contabilidade Maquinizada”, de autoria de Silvino Barboza e Edmundo Mário Cavallari, dois eméritos contabilistas de São Paulo. O processo consistia na utilização de máquinas comuns de escrever, substituindo as máquinas especiais de contabilidade. A organização mais moderna, para aquele tempo, década de 1950, sem maiores despesas e ao alcance de todos. Abolia a escrita manual: borrador, diário, caixa e razão obtidos com uma única operação diretamente dos documentos. Possibilitava balancetes diários; abolia cinco operações da escrita manual e permitia controle perfeito e detalhes de todas as contas com economia de tempo e pessoal. Considerado, então, a mais revolucionária criação em uso, aplicável tanto aos pequenos comerciantes como as maiores indústrias.

Antônio Queiroz, constituiu uma família numerosa procurando conduzi-la de forma cristã legando com o seu exemplo um profundo respeito aos seus semelhantes. Amor e muita fé no poder divino foram as grandes marcas da sua existência.

Partícipe atuante da Congregação Mariana, um grupo admirável no corpo da Igreja Católica, Apostólica, Romana. Sobretudo, dedicou-se com entusiasmo a obra vicentina, deixando-se possuir pela lição de Frederico Ozanam, um literato, um professor consumado que no verdor de seus anos optou por servir aos pobres o que o levou a fundar a Sociedade São Vicente de Paulo, em Paris, no ano de 1833. Sobre Ozanam, diz-nos Paulo Sawaya, presidente do Conselho Central Metropolitano de São Paulo, em maio de 1953: “Ozanam não foi somente o fundador desta mais que centenária sociedade. Foi também um dos maiores do seu tempo, tanto na cátedra de literatura estrangeira da Sorbonne, como nas barras do tribunal de Lion. e, mais, ainda , como facundo e privilegiado escritor, foi estrela de primeira grandeza, cujo brilho jamais se ofuscou.mais o bem maior que se pode auferir do conhecimento deste jovem, que passou apenas quarenta anos no mundo, é o seu exemplo de amor, de tolerância, e dedicação as causas nobres.

Filho devoto e obediente da igreja católica, soube viver intensamente uma vida cristã e apostólica. Precursor da ação social , legou aos pósteros as benemerências de uma sociedade de caridade”. Também Antônio Queiroz, como Ozanam, praticou diuturnamente o bem procurando despertar consciências e fé no sentido de servir ao próximo com a grandeza daqueles privilegiados que fazem o bem sem exigir retornos vãos. A sua mão esquerda não tomava conhecimento do que a mão direita fazia, fiel a Mateus.

Foi um cristão total, convencido de que o preceito vicentino “Il faut enlacer la france dans un de reseau de charité” deveria empolgar a todos. por isto trabalhou, infatigavelmente. com o amigo Dr. Armando Sodré, empresário e fazendeiro, constituiu certa época uma empresa de prestação de serviços de terraplenagem, com atuação eficiente e benéfica a muitos que dos seus serviços se valeram. Foi durante muitos anos contador da industrial são Sebastião S.A. – Tarza. trabalhou, ainda, para a Empresa de Força e Luz São Sebastião Ltda.

Antônio Queiroz teve uma morte muito triste e violenta que somente terá justificativa pelos desígnios de Deus, em se tratando de um homem bom, justo e sempre solidário com o próximo, desinteressadamente. Morreu Antônio Queiroz, esmagado, dilacerado, nos trilhos de uma composição ferroviária, no centro de Raul Soares. Achava-se, então, no interior de um vagão ferroviário, no local onde temos hoje a Praça da Cultura. Comprava jornal, em banca móvel que levava jornais e revistas, de Ponte Nova a Caratinga. Ao se locomover para sair do vagão, caiu sob os trilhos, entre os vagões, em virtude de um movimento inesperado da composição que estava em processo de manobras para mudar de linha. Os ferimentos, os traumatismos, que sofreu, vísceras à mostra, impossibilitaram quaisquer intervenção cirúrgica para salvar a sua tão preciosa vida.

Só deixou amigos na sua trajetória útil e produtiva em nossa terra. Chegou a Raul Soares, procedente da região de Ponte Nova, nos últimos anos da década de 1940.

Foi sepultado no cemitério de Raul Soares. Foi um dos muitos filhos de outras paragens que, na sua passagem por Raul Soares, somou esforços para o nosso desenvolvimento, deixando-se, sobretudo, um exemplo de amor e dedicação a causas nobres.

Autoria: José Geraldo Leal

Ardim Rodrigues Costa, Dr.

Concluído com sucesso o curso de medicina em Belo Horizonte o Dr. Ardim passou a exercer a nobre profissão de médico em Raul Soares, a sua terra natal. Competência e ética nortearam sempre a sua profícua existência. Constituiu com a professora Nely Domingos uma família exemplar dando exemplos de ilibada conduta social em todos os momentos de sua vida. Os três filhos Ronaldo, Agnaldo e Everaldo seguiram a profissão do pai e a filha Ângela é bioquímica.

Poderia, se o quisesse feito vitoriosa carreira política. Talento, espírito público, os tinha de sobra. Sua opção, porém, foi assistir á saúde do povo em tempo integral.

Um dos grandes líderes políticos de Raul Soares, o Dr. Gerardo Grossi, de certa feita confidenciou a companheiros mais próximo a ele, quão grande seria a sua satisfação se pudesse contar com o Dr. Ardim na sua grei partidária. Reconhecia, porém, as dificuldades existentes, tendo em vista a posição política do pai do médico, o vereador de 1936, Manoel Rodrigues da Costa, quando da eleição indireta do Dr. Durval Grossi para prefeito e o forte elo com a família Domingos considerando-se ser sua esposa, D. Nely Domingos, uma valorosa mulher, neta do grande líder político de Raul Soares, o Cel. João Domingos da Silva, fundador, ex-vereador e ex-prefeito do município.

Apesar dos desencontros políticos existentes o Dr. Ardim tinha como um dos seus mais diletos amigos, sendo a recíproca verdadeira, o médico Dr. Durval Grossi, irmão de Dr. Gerardo Grossi.

A convivência com o Dr. Ardim por algumas décadas levou-me a uma grande admiração de sua personalidade, como cidadão, médico e amigo.

De um modo especial, em dois momentos de sofrimento contei com a sua presença: a)Um diagnóstico perfeito sobre a doença de um filho meu (hepatite) e abalizadas recomendações sobre os procedimentos para a sua total recuperação e b) Medicando-me e livrando-me das dores de um cálculo renal.

O Dr. Ardim foi um dos mais importantes assessores e conselheiros do padre José Domingues na elaboração e execução do projeto que resultou na construção do Hospital de São Sebastião. Contaram nesta empreitada com o apoio e todo entusiasmo dos médicos Dr. Carlos Berla, Dr. Durval Grossi, e de um modo muito especial, o Dr. Wilson Elias Salomão, a quem a comunidade raul-soarense muito deve pelo sucesso e prestígio do estabelecimento.

O Dr. Ardim, a par da medicina, tinha outra grande paixão: o campo; uma herança paterna. Tinha o hábito de anualmente passar um período maior de descanso na fazenda, em Vermelho Velho, refazendo as energias para as exaustivas jornadas de atendimento á população.

Foi um médico completo: cardiologista, urologista, anestesista, pediatra. . .

O seu trato ameno cativava a todos. Como um bom cristão não guardava ódios nem mágoas.

Estava sempre presente á missa dominical, juntamente com a grande companheira D. Nely, para agradecer a Deus pelas graças e bênçãos recebidas.

Uma forma de reconhecimento ao trabalho do Dr. Ardim, e uma forma de manter vivos a sua imagem e o seu nome, foi a singela e mais do que justa homenagem, prestada pelo poder público dando o seu nome ao posto de atendimento médico do bairro Santana, o popular PAM.

Dr. Ardim, nasceu em Raul Soares, em 14 de dezembro de 1920 e faleceu, também em Raul Soares, em 5 de junho de 2003.

Certamente que, no descanso dos justos, o médico querido e amigo, deve, a cada dia, ter a alegria de constatar a continuidade de seu trabalho pelos filhos Dr. Everaldo e Dr. Agnaldo, e suas digníssimas esposas e competentes médicas, Dra. Célia e Dra. Raquel, em prol da saúde dos raul-soarenses, com a mesma dignidade, competência, responsabilidade e amor ao próximo.

Autoria: José Geraldo Leal.

Armando  Sodré, Dr.

Oriundo do estado do Espírito Santo chegou a Raul Soares procedente de Rio Casca, tendo ali contraído núpcias com d. Olga Martins Teixeira - dona Vidinha – de conceituada e tradicional família rio-casquense.

Foi fazendeiro e industrial.

Trouxe para a sua fazenda uma espécie de café cultivada em larga escala no Espírito Santo ocupando o cafezal vastas áreas de sua propriedade, popularmente denominada “Fazenda Sodré”.

Com vocação para a indústria montou na fazenda uma bem aparelhada serraria cuja produção vendia principalmente em Belo Horizonte onde instalou um depósito de madeiras serradas (tábuas, ripas, caibros...)
Dedicou-se, também, à fabricação de telhas e tijolos, em cerâmica devidamente equipada.

A marca “Cerâmica Sodré” passou a ser sinônimo de qualidade pela excelência de seus produtos.

Foi pioneiro na fabricação de pás de ferro em nossa cidade, com matéria prima procedente da Cia. Siderúrgica Nacional, de Volta Redonda.

Fabricou, também, tijolos refratários para revestimento de fornos de siderúrgicas; pratos de louça e peças de porcelana.
Tornou-se um competente técnico em cerâmica, com anotações múltiplas de suas várias experiências, que um dia pensou enfeixar em livro, objetivo que não chegou a concretizar.

O desejo de aprimorar a qualidade dos produtos que fabricava motivou o cadastramento de sua empresa no ministério das relações exteriores, na carteira de imigração, para admissão de técnicos europeus em ferramentaria e cerâmica, em uma época, pós-guerra, em que o governo federal desenvolvia esforços no sentido de incrementar a industrialização do país.

Amigo de Césare Augusto Tartaglia, desde a época em que residiram em Rio Casca juntou-se a ele no trabalho de ampliação da fábrica de enxadas Tarza, exercendo o cargo de presidente da Industrial São Sebastião Ltda., durante vários anos. A sua experiência e cabedal de conhecimentos técnicos, hauridos no curso de engenharia que concluíra em Ouro Preto, foi um dos fatores decisivos ao sucesso do empreendimento na fase difícil de instalação e consolidação.

Preocupado com o problema de moradias em Raul Soares loteou áreas de sua propriedade vendendo os lotes a preços módicos e a longo prazo, surgindo, então, a vila Sodré, hoje totalmente urbanizada, estendendo-se até ao antigo pontilhão ferroviário da rua Bom Jesus.

Politicamente adepto entusiasta da União Democrática Nacional – UDN, fez questão de registrar o grau de sua admiração aos políticos da UDN, nos nomes das ruas de sua vila: Carlos Lacerda, Virgílio de Melo Franco...

Alto, esguio, circunspeto, enganava à primeira vista.

O “homem-cactus”, como de certa feita o chamou o jornalista Dr. Hugo de Aquino Leão, em uma bela crônica no jornal “O Imparcial”, tinha em coração enorme. A sua contribuição nunca faltou aos amigos e à comunidade.

Certa vez o seu dileto amigo Antônio Queiroz, guarda-livros aplicado e eficiente, à busca de uma melhora de padrão de vida, propôs-lhe uma sociedade comercial: a constituição de uma empresa, que entre outras atividades teria a prestação de serviços de terraplenagem e preparo de terras para o cultivo. Não tergiversou, apoiou a idéia do amigo, incondicionalmente, ajudando-lhe com os recursos necessários para compra do trator.

Sobre Antônio Queiroz, devo dizer que foi um cidadão que se notabilizou pela sua religiosidade e solidariedade humana. Um mariano de fé e um seguidor dos princípios de Frederico Ozanam, o criador da obra vicentina, notável sob todos os aspectos.

O Dr. armando Sodré foi presidente da União Democrática Nacional – UDN, de Raul Soares, exercendo o mandato de vereador por este partido à câmara municipal de Raul Soares, na legislatura de 1951/1954.

Uma das principais características do Dr. Armando Sodré, no exercício do mandato de vereador, foi o pioneirismo de sua atitude em sendo vereador, antecedendo em cerca de quarenta anos o princípio constitucional expresso no artigo 54 – seção v.

Foi, também, vereador à câmara municipal de Rio Casca, na legislatura de 1924/1927. Vice-presidente, em exercício da presidência da edilidade rio-casquense, no impedimento do presidente Dr. Edmundo Rocha, coube-lhe, juntamente com o presidente da câmara municipal da Vila do Matipó, em exercício, cel. Carlos Gomes Brandão, a escolha dos árbitros que deveriam determinar a quota de responsabilidade do município, nas dívidas e obrigações da câmara municipal de Rio Casca, contraídas quando o município de Matipó fazia parte daquele município, como distrito de São Sebastião de Entre Rios. Os escolhidos, então, de comum acordo, foram o Dr. Asdrúbal Teixeira de Souza, pelo município de Rio Casca, e o Dr. Antônio Manoel Pinto Coelho, por Matipó.

Sem maiores percalços o trabalho desenvolveu-se de modo eficiente evidenciando-se, assim, a clarividência e competência dos ilustres cidadãos envolvidos na questão.

Foi esta, inegavelmente, a atuação de maior relevo do Dr. Armando Sodré em prol do município de Raul Soares.

Autoria: José Geraldo Leal

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Arthur Pena

Arthur Pena foi agricultor, empresário e político.

Nas pequenas cidades brasileiras raro foi o cidadão de sua estirpe que deixou de ser convocado para a vida pública, mesmo que eventualmente.

Os princípios preconizados pelos sábios gregos tinham vez: Os homens de bem não aspiravam mando nem por causa das riquezas, nem das honrarias, porquanto não desejavam ser tratados por mercenários, exigindo a recompensa do seu cargo, nem de ladrões, tirando vantagem da sua posição. Também não desejavam governar por causa das honrarias, uma vez que não as estimavam. Consideravam uma vergonha ir voluntariamente para o poder, sem aguardar a necessidade de tal passo.

Nos anos 30 do século XX, em pelo menos dois acontecimentos registrados na história de Raul Soares, a participação de Arthur Pena foi importante.

Participou da fundação da Empresa Força e Luz São Sebastião Ltda., uma iniciativa de Assad Chequer.

A instalação de usina de energia elétrica em Raul Soares impulsionou o desenvolvimento do município. A energia elétrica consumida, até então, era fornecida por uma modesta usina de Rio Casca.

Em verdade, a energia produzida era insuficiente para atender a necessidade de outros municípios além de Rio Casca.

Isso também veio a acontecer com a São Sebastião motivando a entrada da Cemig em Raul Soares, em 25 de julho de 1977.

Em 17 de junho de 1936, Arthur Pena foi eleito vereador.

Tinha como companheiros de câmara os respeitáveis cidadãos Antonio Vieira dos Santos (Totó Bubu), José Paolielo, Farmacêutico Aristides Pancrácio Alves de Souza, Dr. Raymundo Soares de Albergaria Filho, Vicente Gonçalves Vieira, Carmo Ferreira Parente, Dr. Luiz Domingos da Silva e Manoel Rodrigues Costa.

Em 1° de agosto de 1936 os ilustres representantes do povo de Raul Soares, dentre eles Arthur Pena, em reunião presidida pelo vereador Antonio Vieira dos Santos ( Totó Bubu), elegeram o prefeito de Raul Soares, recaindo a escolha no médico Dr. Durval Octávio Grossi, cognominado, então, o “primeiro prefeito constitucional do município”.

Arthur Pena foi casado com D. Judith Pena. Dois foram os seus filhos: Francisco e Vicente.

Arthur Pena foi exemplo de honradez, trabalho e amor a Raul Soares.

Autoria: JOSÉ GERALDO LEAL

(joseleal@signet.com.br)

Assad  Chequer

Assad Chequer, o Saéte, foi amigo de todos, indistintamente
.
Veio de terras distantes do oriente - o Líbano -, de cultura milenar, de muitas lendas e experiências maravilhosas ricas de conteúdo moral e místico, e lições de vida, imortalizadas na literatura brasileira pelo gênio do prof. Júlio César de Melo e Souza, o nosso Malba Tahan.

Saéte, foi tronco de uma família numerosa.

Homem humilde e solidário com os semelhantes.

Foi, sobretudo, um homem do trabalho.

Fazendeiro, comerciante (distribuidor por muitos anos do cimento Mauá na região), Liderou na década de 30 um grupo de cidadãos progressistas de nossa terra - Arthur Pena, José Sionfrônio de Castro – sô Juca Cristalino - Dr. José Grossi . . . constituindo a Empresa Força e Luz São Sebastião Ltda.

Os primórdios da questão da energia elétrica no município de Raul Soares, e a procura de uma solução, remontam ao ano de 1924. Em 5 de maio de 1924, através da lei nº 5, o presidente da câmara municipal de Matipóo foi autorizado a celebrar contrato com o presidente da câmara municipal de Rio Casca para fornecimento de energia elétrica ao nosso município. A legislação de então dispunha que a iluminação pública no perímetro urbano seria gratuita observando-se na fixação da tarifa para particulares os altos interesses dos consumidores fundamentados em esclarecimentos e idéias apresentadas à câmara municipal de Rio Casca.

Em 24 de junho de 1926, a lei nº 45, outorgou poderes ao bel. Francisco Diogo Pereira de Vasconcelos para organizar e explorar uma empresa de energia elétrica para eliminar a dependência de Raul Soares ao sistema energético de Rio Casca.

O papel da Empresa de Força e Luz São Sebastião Ltda. Foi muito importante no alavancamento da economia do município de Raul Soares tendo em vista que o suprimento de energia elétrica pela usina de Rio Casca era muito precário pela sua limitada capacidade de geração e a concessão do bel. Francisco Diogo Pereira de Vasconcelos não surtira os resultados almejados.

Saéte, procurava com perseverança dinamizar e ampliar as atividades do empreendimento. contudo, muitas barreiras e dificuldades se antepunham aos seus propósitos, especialmente de ordem burocrática.

Os preços do serviço - as chamadas tarifas - eram fixadas pelo governo federal, através do departamento nacional de energia elétrica, órgão do ministério da agricultura. não existia, nessa época, o Ministério de Minas e Energia.

As tarifas estavam sempre terrivelmente defasadas, não remuneravam o capital investido com os doze por cento previstos em lei, não possibilitando os investimentos reclamados pelos consumidores irados pelas deficiências nos serviços prestados com constantes quedas de voltagem e interrupções de fornecimento.

Saéte era reconhecidamente um homem de visão nos negócios e bom administrador.

O seu grande sonho sempre foi o aproveitamento do potencial energético do emboque o que não conseguiu concretizar em decorrência da baixa remuneração atribuída ao capital investido e a interferência excessiva do poder público conseqüente das diretrizes oficiais na fixação tarifária.

Saéte, certamente, agora, no descanso dos justos, deverá estar muito contente e feliz com o trabalho de aproveitamento do emboque concretizado pela companhia cataguases Leopoldina, concluído em 1998.

Sucumbindo a tantas situações adversas e desconfortáveis a empresa Força e Luz São Sebastião Ltda. encerrou com muita honra e dignidade o seu profícuo ciclo de atividades marcando indelevelmente, de forma muito positiva, a sua colaboração no crescimento e desenvolvimento industrial de Raul Soares.

Saéte, libanês de origem; um brasileiro, raul-soarense, de coração.

Gente nossa que a memória de Raul Soares registra e guardará “ad-aeternum”.

Autoria: José Geraldo Leal

Astolfina Martins Weber

D. Astolfina Martins Weber foi uma das grandes mestras e administradora na área da educação em Raul Soares. Casada com o grande profissional de contabilidade e professor da Escola Técnica de Comércio Vinte de Janeiro, do Instituto São Sebastião, Sr. Gilberto Weber, constituíram uma família numerosa para os padrões atuais - oito filhos. As filhas seguiram a mesma trajetória da mãe; todas professoras. Margarida (Guirida), na fase áurea do São Sebastião destacou-se como uma das principais professoras pela sua cultura e refinada forma no tratamento com todos, do corpo docente e discente.

D. Astolfina exerceu a sua nobre missão de educadora na Escola Estadual "Benedito Valadares", naquela época "Grupo Escola Benedito Valadares", considerada ainda hoje uma escola padrão no ensino em Raul Soares, e com muita razão, tendo em vista a orientação que no correr dos anos vem sendo imprimida àquela escola fundada em Raul Soares nos anos 30.

D. Astolfina sucedeu à D. Maria Grossi na direção da escola. Foi muito responsável e competente na tarefa de ensinar e dirigir. Apesar das dificuldades dos dias atuais não hà comparação com os dias passados. Muito atraso nos pagamentos, e sem greves, impossíveis de ocorrerem, principalmente até meados da década de 40 estando o País sob o jugo de uma ditadura. D. Astolfina com toda paciência e doçura atendia às lamentações do seu professorado e muito prestimosa indicava-lhes procuradores para desembaraçar salários retidos na Secretaria das Finanças do Estado, após a tramitação regular pelos labirintos da Secretaria da Educação; Balmaceda foi o procurador que pontificava pela sua eficiência na liberação dos salários. As professoras mais prejudicadas eram sempre aquelas que na maior parte das vezes mais precisavam do surrado fruto de seu trabalho.

Por ocasião da aposentadoria a educadora Astolfina recebeu de Zita de Abreu Castro, também grande professora em Raul Soares que se transferira para Belo Horizonte, comoventes palavras que se tornaram públicas através do jornal "O Imparcial" de 12 de julho de 1953 – edição nº 15 que permitimo-nos transcrever como um preito à memória da Diretora Astolfina Martins Weber:

"Belo Horizonte, 23/06/53

D. Astolfina,

Foi com emoção que eu recebí as notícia de sua aposentadoria. E foi com todo fervor de minh’alma que roguei, então, a Deus as suas bernçãos e graças especiais para que a senhora possa gozar, com saúde e alegria, o prêmio que Ele mesmo acaba de conceder-lhe.

Seu dever com a Pátria está cumprido. O título de aposentadoria é a celebração da vitória.

Daqueles dias de trabalho vividos, com prazer, a seu lado, ficou para mim, principalmente, o exemplo de sua atitude firme, serena e digna nos momentos penosos e difíceis, quando os problemas eram complexos e exigiam prudência, tolerância e bondade.

Possa eu ainda, um dia, tirar proveito dos seus ensinamentos - sempre presentes na lembrança - e assim louvar a Deus pelo mal que eu não pratiquei.

Meu pesar, neste momento, é não poder juntar-me, pessoalmente, às colegas de Raul Soares para prestar-lhe a homenagem de carinho e respeito que o Grupo Escolar "Benedito Valadares" lhe deve.

Mas, se o corpo fica de longe, o coração está perto alegrando-se com os outros na festa de amizade e gratidão.

Vai para a senhora esta pequena lembrança de uma data grande e feliz.

Recomendações à família.

Zita de Abreu Castro."

Após o falecimento do companheiro de tantos anos e de tantas batalhas vencidas a mestra Astolfina mudou-se para Ipatinga, uma cidade ainda jovem, onde faleceu.

Merece a homenagem de Raul Soares pelo muito que fez em prol do desenvolvimento cultural deste rincão generoso das terras mineiras.

Autoria: José Geraldo Leal

Bernardino Brito Carvalho

Dr. Bernardino, Bernardino dentista, Didi. Assim era conhecido.

Foi um profissional competente e muito dedicado dignificando a odontologia em nossa cidade. ético e com profundo respeito aos colegas.

Procedia de Rio Pomba onde nasceu em 15 de junho de 1919.

Além de seu gabinete particular foi zeloso e atuante servidor da Secretária da Saúde do Estado de Minas Gerais.

Nos primeiros anos de sua carreira em Raul Soares atendia em bairros de nossa cidade. O seu motor de pedal era conhecido nos locais mais humildes. a sua habilidade amenizava as deficiências do equipamento rudimentar. inspirava confiança àqueles a quem atendia.

Leitor inveterado, de obras técnicas, literárias e de cultura geral, acumulou no correr dos anos um bom cabedal de conhecimentos o que lhe permitia discorrer com fluência sobre variados assuntos. Na literatura preferia as obras de autores tradicionais da linha clássica não escondendo a sua aversão aos escritores da linha realista.

Espírito curioso e inquieto procurava se convencer das verdades dentro dos princípios científicos colocando sempre em primeiro lugar a palavra de Deus como um católico praticante que era, assiduamente presente à Igreja.

foi casado com D. Maria do Carmo Furtado de Carvalho. Tiveram nove filhos : Maria do Carmo , Fátima, Afonsina, Marcos, Maria de Lourdes, Bernardino, André, Ricardo e Taís.

De índole democrática não aceitava regimes discricionários.

Entusiasta dos exercícios físicos foi um aplicado aluno do professor Oswaldo Diniz Magalhães seguindo com disciplina as suas aulas matinais pelo rádio. Adquiriu, para tanto, todas as cartelas e bastões recomendados pelo professor. A caminhada foi uma das suas práticas habituais. O ciclismo marcou também expressivamente a sua existência.

Cidadão humilde e simples somente através de um convívio mais constante podia-se avaliar sua personalidade e o nível de seus conhecimentos.

Deixou-nos exemplos de vida e de trabalho que merecem ser meditados. Faleceu em Goiânia, após submeter-se a uma melindrosa intervenção cirúrgica.

Autoria: José Geraldo Leal

Carlito Ferreira Brandão

O economista, agricultor e político Carlito Ferreira Brandão nasceu em Vermelho Velho, município de Raul Soares, em 24 de julho de 1921; filho de Carmo Ferreira Parente e de D. Carmelita Brandão. Com muito brilhantismo colou grau em Administração e Finanças pela Faculdade de Ciências Econômicas, Administração e Finanças do Estado de Minas Gerais em 1944. Fez o curso primário em Vermelho Velho, na Escola Isolada Francisco Albano Pires, classificando-se no 1° lugar. Em 10 de fevereiro de 1936 recebeu o certificado de conclusão de curso no Instituto Orion, em Raul Soares, que funcionava na Rua Camilo de Moura. Estudou, ainda, em Caratinga, Ponte Nova,em Leopoldina, no Ginásio Ribeiro Junqueira e em Belo Horizonte, no Ginásio Afonso Celso, concluindo o quinto ano como o segundo aluno da turma.

Morou em Raul Soares, onde passara a residir para estudar, de favor, na casa do Dr. José Zeferino Pires, vermelhense como ele, filho do Cel. José Pires.

Para não ficar entregue á ociosidade trabalhou em Raul Soares na loja Colosso da Mata, de propriedade dos irmãos José e Nicolau Sabbagh, localizada na Rua Camilo de Moura, próxima á ponte 7 de setembro, popularmente conhecida como a ponte do Belchior.

Muito cedo demonstrou que herdara do pai o gosto pelo trabalho e pela política.

Seu pai foi vereador em Raul Soares na década de 30 fazendo parte da câmara que em 17 de junho de 1936 elegeu o Dr. Durval Octávio Grossi primeiro prefeito constitucional de Raul Soares.

Casou-se em 15 de março de 1945 com a jovem Santil da Costa, filha de José Manuel Costa e D. Maria Patrocínio Costa. Tiveram dois filhos: Carlos e Celso e criaram cinco filhos adotivos sendo três sobrinhos. Foi impactado pelo falecimento da boa amiga e companheira em 28 de fevereiro de 1994.

Em 12 de setembro de 1994, casou-se, em segundas núpcias, com Jacimar Alves Ferreira, com que conviveu até o seu falecimento.

O primeiro mandato político de Carlito ele o obteve em eleição para vereador no município de Bom Jesus do Galho sendo eleito secretário do legislativo de Bom Jesus do Galho.

Insatisfeito e decepcionado ante o que se passava na câmara só exerceu o mandato um ano.

Com o apoio e assessoramento do deputado Jackson Albergaria trabalhou vigorosamente a favor da correção das linhas divisórias de Raul Soares com Bom Jesus do Galho o que resultou na integração de Vermelho Velho ao município de Raul Soares.

Convencido por importantes lideranças políticas do município, de um modo especial o amigo Dr. Hugo de Aquino Leão, do PTB, o jovem Carlito disputou em 1950, com o apoio da UDN liderada pelo Dr. Gerardo Grossi e do PR, presidido por Wilson Damião, a eleição de prefeito municipal de Raul Soares.

Contenda das mais difíceis tendo-se em vista que o candidato adversário era o Dr. Luiz Domingos da Silva, fundador e presidente do diretório municipal do PSD, ex–vereador, ex-prefeito, ex-deputado estadual constituinte de 1946, um partido fortemente estruturado em todo o país, liderado em Minas Gerais pelo astuto político Benedito Valadares Ribeiro, com fortes raízes no campo.

Carlito conseguiu excelente resultado na eleição, no âmbito da cidade, contudo nos distritos prevaleceram as lideranças de Vítor Alves de Souza, da família Pires, do seu próprio pai Carmo Ferreira Parente que se opôs á sua candidatura, do padre Manoel, Generoso Pinto Filho (Deco), Franklin José da Silva, Antero Policarpo de Castro e várias outros políticos de expressão, comprometidos com a candidatura do Dr. Luiz Domingos da Silva. Foi derrotado por 681 votos. O vice – prefeito eleito foi o Dr. José Zeferino Pires.

Em 1955 Carlito foi novamente convocado para se candidatar. Foi dessa vez vencido pelo Dr. José Zeferino Pires, cujo companheiro de chapa, vice – prefeito eleito, foi o industrial e fazendeiro Nelson Moreira, um cidadão de muito valor, ex – gerente do Banco Mineiro da Produção S/A e ex – vereador em Raul Soares na legislatura de 1951 / 1954. A derrota de Carlito na eleição de 1955 foi por escassa margem de votos, apenas 25 votos. Na legislatura de 1955/1958 Wilson Damião, eleito vereador, iniciou a sua vitoriosa vida pública em Raul Soares.

Em 1958 Carlito foi novamente chamado para disputar pela terceira vez a eleição de prefeito municipal de Raul Soares. Conseguiu, então, consagradora vitória tendo como adversário um homem de muito valor e integridade inquestionável, empresário de sucesso no ramo madeireiro, o Dr. Manoel Máximo Barbosa. Carlito contou, então, com o apoio da maioria esmagadora das lideranças políticas do município, à frente o Dr. Gerardo Grossi e Dr. Durval Grossi, Aníbal de Oliveira Maia, Lino Pinto, Trazilbo Vieira Sathler, Walter Maciel, Jair Julião de Vasconcelos, Raimundo Antunes de Souza, Joaquim de Souza, José Alves Nogueira, a família Pires, o padre Manoel Moreira, Franklin José da Silva, seu pai Carmo Ferreira Parente e muitos outros valorosos companheiros.

Wilson Damião foi o vice – prefeito eleito.

Carlito obteve 5.934 votos contra 4.187 de seu valoroso adversário; uma diferença de 1.747 votos e Wilson Damião somou 5.309 votos contra 4.045 de seu adversário Joaquim Vieira dos Santos; uma diferença de 1.264 votos.

Os vereadores que acompanharam a gestão de Carlito Ferreira Brandão / Wilson Damião (Legislatura de 1959 a 1962), presididos pelos vereadores Dr. Durval Octávio Grossi (975 votos), Aníbal de Oliveira Maia (639 votos) e Joaquim de Souza (237votos), foram os seguintes: Efetivos: Lino Pinto 453 votos); Trazilbo Vieira Sathler (406 votos); Jair Julião de Vasconcelos (373 votos); José Cipriano de Oliveira (319 votos); Walter Maciel (311 votos); Afonso Antonio da Silva (302 votos); Raimundo Antunes de Souza (253 votos); Sílvio Nogueira de Castro (553 votos); Generoso Pinto Filho (540 votos); José Izidoro dos Santos (400 votos); Artur Lopes da Costa (366 votos); Dr. Édson Cardoso de Oliveira (351 votos) e Domingos Cupertino Pereira (351 votos).Suplentes convocados: Jorge de Souza Lima (243 votos); Joaquim Pinto Carneiro (204 votos); Humberto dos Santos Leal (229 votos); José Vieira dos Anjos (230 votos); Sebastião Rodrigues Pereira (224 votos); Antonio Ferreira Chaves (76 votos).

A administração de Carlito foi consciente e competente. Investiu em educação, construindo muitas escolas, e em obras de calçamento.

No trabalho de calçamento contou com o empenho e dedicação de um profissional competente, Manoel de Sales Gomes, o nosso bom amigo Salim.

Criou a Fundação Juarez de Souza Carmo, incentivou e apoiou a presença no município da CEMIG e TELEMIG. Iniciou a construção do prédio-sede da prefeitura.

Concluiu o mandato em dezembro de 1962 transferindo a administração municipal para Wilson Damião, seu vice-prefeito; eleito prefeito com o seu apoio, para o período de 1963 a 1966.

A vida pública de Carlito teve continuidade na cidade de Galiléia sendo eleito provedor do Hospital Imaculada Conceição construído e inaugurado em 1973 pelo prefeito Levindo Valadares da Fonseca, uma das grandes lideranças políticas de Galiléia.

Durante mais de uma década Carlito prestou relevantes serviços ao hospital de Galiléia.

Participou da administração da Cooperativa Mista de Consumo e Produção dos Associados da Associação Rural de Conselheiro Pena, como associado da cota n° 94.

Foi um dos fundadores em Galiléia do Tabajara Atlético Clube, sendo o titular da cota n° 007.

Em 15 de novembro de 1988 foi eleito prefeito de Galiléia com expressiva votação, tendo como companheiro de chapa Carlos Barbosa Souto.

Muitas foram ás obras que realizou na sede do município e nos distritos.

Foi um político que sempre se preocupou em atender exclusivamente os legítimos reclamos populares.

Faleceu em Galiléia no mês de agosto de 2005 cercado da admiração e respeito dos seus familiares e da população do município.

Autoria: José Geraldo Leal

Carlos Cotrim Berla, Dr.

Durante muitos anos foi médico em Raul Soares participando ativamente da vida política e social da cidade.

Foi prefeito municipal, nomeado em período de transição política, exercendo o mandato a partir de 22 de abril de 1947 até a posse do prefeito eleito em 15 de novembro de 1947 – farmacêutico Nilo de Abreu.

A principal característica da personalidade do Dr. Carlos Berla foi o seu acendrado amor à natureza. Isso, inclusive, motivou uma reação enérgica de sua parte, através de denúncia ao governo federal, para sustar a agressão predatória à Serra do Brigadeiro, em consequência de desmate inconsequente de reservas florestais valiosas e importantes para o equilíbrio ecológico de nossa região.

A casa em que morou à Rua Camilo de Moura, atual rua Dr. Gerardo Grossi, constituia-se, desde a sua entrada, em autêntico louvor à natureza; paredes totalmente revestidas de hera, muito bem cuidadas.

No quintal – amplo – muitas árvores frutíferas, exóticas e raras na sua maioria, e um orquidário sem similar na região; um dos mais bem cuidados do estado. Extremamente variadas eram as espécimes de sua coleção.

O mestre e grande poeta prof. Edward Leão homenageou o amigo, no livro “Tapera Ensolarada”, com o belo soneto que transcrevemos a seguir :

“A Orquídea

Ao Dr. Carlos Berla

Planta selvagem, rústica, esquisita,
Vivendo à custa de árvores adultas
Com raízes aéreas, insepultas,
No dorso do galho que agita...

Longe do mundo, alheia às turbamultas
Prefere a condição de parasita
Na solidão olímpica. Infinita,
Das florestas inhósitas, incultas . . . .

No reino virgem de florestas rude
Abre-se a flor da orquídea rara e bela,
Magnífica na forma e na atitude.

E do mar verde esplêndida sereia
- um pouco de mulher, algo de estrela
Deslumbra os olhos do homem, que ela odeia.”

O Dr., Carlos teve uma grande companheira em dona Lourdes. Não tiveram filhos.

Durante a sua gestão na prefeitura municipal de Raul Soares tomou medidas para resguardar a saúde da população coibindo a criação de suínos na área urbana.

Homenageou o farmacêutico Rufino Rocha dando o nome dele a um trecho da antiga rua Camilo de Moura, através do decreto-lei nº 106, de 16 de julho de 1947. O trecho escolhido foi aquele em que o farmacêutico morara por muitos anos e ali tivera farmácia.

em 14 de julho de 1947 convidou o povo para a comemoração de um importante acontecimento:


“Ao povo

O vibrante povo mineiro viverá hoje o momento solene da promulgação da nova Carta Constitucional, onde se enquadram as novas diretrizes que nortearão o seu destino. A Constituição Mineira de 14 de julho de 1947 reúne as deduções positivas que a observação inteligente dos deputados consolidaram para alicerçar,canalizando a melhor termo, a massa administrativa estadual, há tanto confusa e subjugada aos interesses ditatoriais.

Comemorando este magno acontecimento, que há de rasgar ao Estado de Minas Gerais, horizontes novos onde predominem as vitórias progressistas da democracia. o sr. DD. Prefeito Municipal, Dr. Carlos Cotrim Berla, concita o povo desta cidade ao manifesto público deste histórico acontecimento na reunião cívica que há de se realizar hoje, na praça Olegário Maciel, às 17 horas, em que as solenidades obedecerão ao seguinte programa:

1º - Retreta pela banda de música “Santa Cecília”.
2º - Formatura do tiro de guerra 95.
3º - Hino nacional executado pela banda.
4º - Discursos pelos capacitados oradores
Exmo. sr. prof. Edward Leão, prof. Maristela Barbosa Sena e Prof. Dr. Hugo Leão.
5º - Palavra livre.
6º - Baile, no edifício nagem, às 21 horas.”

Raul Soares teve presença efetiva e brilhante na elaboração e promulgação da constituição de 1947 através do deputado Luiz Domingos da Silva, sendo este um dos fatos mais marcantes da história do município.

Ao médico e homem público - Dr., Carlos Cotrim Berla – rendemos a nossa homenagem e reconhecimento à sua conduta elegante, ética e competente.

Autoria: José Geraldo Leal

Césare  Augusto  Tartaglia


Nasceu em 8 de novembro de 1902, em Ubá (MG). Faleceu em 24 de dezembro de 1989, em Raul Soares (MG).

Foi um dos filhos do casal Ângelo Tartaglia / Laura Sabioni.

A sua infância foi no Rio de Janeiro, no bairro de Olaria.

Já adulto residiu sucessivamente em Juiz de Fora, Visconde do Rio Branco, Rio Casca, fixando-se definitivamente em Raul Soares em 1935, ao comprar uma sorveteria de um amigo.

As suas núpcias aconteceram em Visconde do Rio Branco, em 24 de novembro de 1921, com a jovem Honemorina Lima Tartaglia - a sua Nina -. Dessa feliz união nasceram Maria de Lourdes, Ione, Diomar, Paulo, Ivone e Nice. Em 1958 adotou Maurílio cuja mãe falecera.

Foi um espírito inquieto, sempre às voltas com experiências.

Seu campo de ação sempre foi a mecânica.

Na década de 30 trabalhou na adaptação de carburador para utilização do álcool como combustível para veículos; fabricou colunas de cobre na adaptação de alambiques para destilar álcool anidro; executou encomendas de argolas de bronze para arreios de animais; atendeu encomendas de macaco mecânico fabricando-os com oito toneladas de capacidade a fim de facilitar o carregamento de madeira em caminhões - prancha.

Finalmente, no início da década de 40, estando o mundo engolfado na segunda grande guerra mundial, verificando a falta de enxadas no mercado fixou-se na idéia de fabricar o produto. A realidade é que a Inglaterra, fabricante das melhores enxadas do mercado, estava seriamente envolvida no conflito vivendo uma economia toda voltada para a guerra.

José Raimundo Nogueira de Souza, acreditou no projeto de Césare, e, junto constituíram a firma Tartaglia & Souza, para fabricação de enxadas que denominaram Tarza, sendo a primeira sílaba tirada de Tartaglia e a última sílaba de Souza, portanto tar-za.

Muitas foram as dificuldades, por falta de máquinas e capital, essenciais ao ambicioso empreendimento.

Não dispondo de prensas para estampagem do olho da enxada adquiriam enxadas usadas para delas retirar os alvados e soldá-los à lâmina calçada pelo processo idealizado por Césare.

O mercado acolheu muito bem o produto tornando-se urgente o aumento da produção para um mínimo de 1.000 peças / dia.

Um lamentável acidente anafilático vitimou o sócio José Raimundo Nogueira de Souza, matando-o. Por força da legislação comercial vigente foi cancelada a participação do sócio na empresa e o capital devolvido aos seus herdeiros.

A empresa transformou-se, então, para uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada sob a razão social de Industrial São Sebastião Ltda., juntando-se a Césare Augusto Tartaglia: Dr. Armando Sodré, Dr. Gerardo Grossi, José Sinfronio de Castro, Bernardino Aladino Caldas e Chafith Sad.

Em 1949, nova transformação ocorreu no capital da empresa com a admissão de muitos sócios quotistas transferindo-se a empresa para uma ampla área adquirida na então chamada rua da Gameleira, atual bairro Tarza.

O período que se seguiu foi o mais brilhante na vida da empresa e do seu fundador.
Dando vazão à sua vocação industrial, Césare constituiu uma nova empresa com seu filho Paulo Tartaglia, o nosso saudoso amigo Paulinho; a Industrial Tartaglia Ltda., posteriormente denominada Tartaglia S/A - Indústria e Comércio, para a fabricação de eletrodos para solda elétrica.

Fabricou o eletrodo “Ponta de Diamante”, com boa aceitação no mercado. Ressentia, contudo, de equipamento mais moderno para sanar algumas deficiências de fabricação o que não conseguiu, o que o levou a transferir o controle acionário da empresa. Esta, algum tempo após, encerrou as suas atividades.

Nos últimos anos de vida Césare dedicou-se ao artesanato confeccionando com muito esmero peças em bronze e outros metais.

Foi muito metódico e organizado em seu trabalho e em suas ações, não guardando ódios, mágoas ou rancores por eventuais injustiças ou esquecimentos.

Deixou um exemplo de trabalho e perseverança na busca de um ideal.

A sua última e derradeira obra foi o registro escrito que deixou de sua vida que denominou “ A Travessia “.

Autoria: José Geraldo Leal

Cícero Romano Pacheco


A começar do nome, o direito e a justiça estiveram presentes na vida de Cícero Romano Pacheco. A escolha do nome foi certamente a expressão da admiração dos pais a Marco Tullio Cícero, filósofo, estadista e o mais eloquente dos oradores romanos de 106-43 ac., responsável pelos eternamente célebres discursos as Verrinas, as Catilinárias e as Fillipicas.

O nosso Cícero estendeu a admiração chamando Marco Tullio, um dos filhos.

Todos eles – Cícero e filhos - intimamente ligados ao Poder Judiciário. Servidores eficientes e exemplares.

Cícero foi casado com D. Filomena Lourenço Pacheco, uma das mais brilhantes educadoras de Raul Soares. Formaram uma família, com as qualidades e virtudes peculiares às mais nobres famílias mineiras.

Tabelião em Raul Soares durante algumas décadas. Sua competência e responsabilidade profissional foi sempre reconhecida “urbi et orbi”. A aparência sisuda e severa escondia uma pessoa amena no trato, amiga e solidária.

Na sua atividade cartorial primava pela boa acolhida às partes em litígio e a sua predisposição em colaborar para o bom andamento dos processos sem fugir à rigidez das leis, normas e regulamentos pertinentes. A experiência profissional de Cícero transmitiu-se em não poucas oportunidades aos colegas do Fórum, aos advogados, juízes e promotores de justiça, sempre com a preocupação de que imperasse o bom direito e à Justiça. Foi prestimoso e valioso o seu apoio aos jovens advogados nos seus primeiros passos pelos árduos caminhos do Direito e da Justiça.

Conviveu em seu métier com grandes personalidades e profissionais do direito e da justiça, de inquestionável valor: prof. Edward Leão, Antônio Reinaldo, José Eulálio Gonçalves da Costa, José d`Aquino Leão, Jandira Lopes de Matos, serventuários da justiça como ele; os advogados Dr. Gerardo Grossi, Dr. Hugo de Aquino Leão, Dr. Edmundo Rocha, Dr.. José Grossi, Dr. José Zeferino Pires; os juízes Dr. José de Oliveira Juncal, Dr. Delcídio Menezes, Dr. Lamberto, Dr. Rubens Soares, Dr. Lindolfo Paolielo. Os promotores de justiça Dr. José Teixeira de Freitas, Dr. Mario Seabra e algumas dezenas de outros eficientes e brilhantes profissionais do Direito e da Justiça do Estado de Minas Gerais.

Amicíssimo de Wiron esteve com ele na campanha eleitoral de 70.

No descanso dos justos deve ter se rejubilado com o sucesso do amigo nas eleições de 15 de novembro de 1988.

Como todo bom brasileiro Cícero gostava de futebol torcendo em Raul Soares pelo Esporte Clube Operário.

Folião puro e autêntico, foi presença constante nos folguedos de momo.

Teve intensa vida social.

Participou da fundação da telefônica de Raul Soares S/A, juntamente com outros dezenove amigos, e foi um dos seus dirigentes. A empresa, anos após a sua fundação, foi encampada pela Telemig, para ampliação e modernização.

Fez parte da loja maçônica “Esperança no Arquiteto”.

A cidade do Rio de Janeiro foi uma das suas grandes paixões. Apesar das canseiras da viagem à cidade maravilhosa ele as fazia de bom grado com certa regularidade.

Homem de convicções políticas definidas e firmes primava, contudo, pelo respeito às opiniões divergentes razão porque convivia harmonicamente com pessoas de opiniões adversas gozando da amizade de todos.

Cícero não nasceu em Raul Soares. Porém, integrou-se de tal forma aos costumes desta terra magnânima e a convivência acolhedora de sua gente que acabou por se tornar um raul-soarense autêntico apoiando e colaborando as iniciativas e movimentos objetivando o progresso e desenvolvimento de Raul Soares.

Autoria: José Geraldo Leal

Cincinato Guimarães Sampaio, Dr.


Nasceu em Mariana, na fazenda das Taboas, no ano de 1896, sendo seus pais o cel. José Ignácio de Carvalho Sampaio e dona Maria Guimarães Sampaio.

Estudou no colégio do caraça, uma das mais importantes e conceituadas casas de ensino do país graduando-se em Medicina em Belo Horizonte, na Escola de Medicina de Minas.

Ainda estudante de medicina, curou muitos doentes acometidos da gripe espanhola, no ano de 1919.

Dr. Sampaio foi casado duas vezes deixando dois filhos: Edla Sampaio Bernardino e José Isler Sampaio. Este, graduado em Engenharia na Escola Federal de Ouro Preto, sempre presente em nossa cidade em visita a sua mãe dona Jacy.

Clinicando inicialmente em São Gotardo e Ponte Nova o Dr. Sampaio fixou-se definitivamente em Raul Soares até falecer em 18 de maio de 1958 em consequência, ao que consta, de sequelas de uma epidemia da época popularmente alcunhada de gripe asiática.

Trabalhou em Raul Soares por mais de trinta anos, com competência e dedicação.

É induvidoso dizer-se que ao seu talento profissional e ilibada conduta social aliou-se um bom coração. Sensibilizava-se com o sofrimento alheio não medindo esforços e sacrifícios para atenuá-lo.

Foi ético convivendo harmonicamente com todos aqueles que mourejavam na área da saúde. A sua palavra amiga e apoio jamais faltou aos novos colegas que aqui chegavam.

Por ocasião de seu falecimento, um importante depoimento sobre a sua atuação em Raul Soares foi publicado na edição nº 1.360 – ano XXVI, do prestigioso hebdomadário “Jornal do Povo”, de Ponte Nova, fundado pelo renomado jornalista Aníbal Lopes e que à época tinha como redator responsável um ilustre filho de Aníbal Lopes – o médico José Lopes.

O poeta Gonçalves da Costa, dileto amigo e admirador de Dr. Sampaio, em linguagem escorreita e fácil, e no seu estilo refinado, discorreu sobre a atuação do médico em Raul Soares, por tantos anos, escrevendo : “durante todo esse tempo – é uma população inteira quem o afirma – trabalhou ele sem esmorecimentos, expôs-se às endemias da região, às intempéries, a todos os sacrifícios, atendendo com a mesma solicitude aos pobrezinhos e aos afortunados, pois nem mesmo destes últimos exigia pagamento. Era quase à força que os clientes conscientizados lhe colocavam na mão os honorários por eles mesmos estipulados. E ele assim procedia por quaisquer interesse político? Teve algum dia qualquer influência na vida política do município? Acreditamos que não. Após tantos anos de trabalho ininterrupto, deixou ele bens materiais – prédios iluminados, jardins floridos, carros de luxo, pastagens estreladas de rezes? Não. Apenas conseguiu, ultimamente, construir uma casinha modesta, cujas obras, por motivos óbvios, se arrastaram durante dois anos. Sempre preferiu “ajuntar tesouros no céu”. Em vez de empilhá-los na terra embora o seu procedimento envolvesse um paradoxo diante da ambição desenfreada, do egoísmo cego, da desumanidade da “aura sacra fames” que pululam nos caminhos de nossa época.”

O falecimento de Dr. Sampaio ocorreu em hospital de Ponte Nova sendo o seu corpo enterrado no cemitério daquela cidade.

Pelo trabalho desenvolvido em prol da saúde de nossa gente tem o nome, com justiça, registrado definitivamente na memória dos raul-soarenses como um de seus grandes benfeitores.

Autoria: José Geraldo Leal

Dilermando  Rocha  Galvão 


Ainda muito jovem Dilermando deixava antever que as letras seriam o caminho natural para a sua realização pessoal.

Nos tempos do Ginásio São Sebastião, na década de 40, fundou o jornal “A Voz do Estudante” com colaborações dos estudantes João Mendes de Faria, hoje eminente advogado em são Paulo, filho de Jesuíno Luiz de Faria; norma Brandão Pinto, filha de Gerino Guimarães Pinto; Julia Alba de Sales, a Nunu de dona Nora; Tereza Salim, da família Salim; José sad, filho de Assad Chequer, o pioneiro da eletricidade em Raul Soares; Henry dos Santos Leal, filho de D. Ilka dos Santos Leal e José Futrica, quem será? O editorial de apresentação do jornal de autoria do eminente professor José de Freitas Teixeira, um dos luminares da ciência do direito e da justiça, uma figura humana fascinante e grande promotor de justiça da comarca de Raul Soares.

Dilermando publicou inúmeros trabalhos em vários jornais do país, em nossa região no “Jornal do Povo”, de Ponte Nova, fundado pelo inesquecível homem de imprensa Aníbal Lopes e como sucessores os filhos José, Jacy e Gutenberg Lopes. Dilermando está presente, também, em algumas coletâneas de contos editadas no pais. Foi membro (ou ainda é), por mérito, de uma Academia de Letras de Belo Horizonte.

Em sua passagem pela Argentina publicou “Palabras Sincillas”. O Dr.Hugo de Aquino Leão em análise emocionada da obra e do autor, assim se referiu na edição nº 86, de 30 de março de 1958, do jornal “O Imparcial”: “Há homens como as fontes silenciosas, fertilizantes, puras e cristalinas. As fontes, sem embargo das extensas glebas que banham, estão sempre contando a história de suas nascentes de origem. Há homens assim. Suas vidas escorrem mansamente, umedecendo com a seiva de sua inteligência e bondade as vidas marginais, e conservando a mesma pureza e limpidez através de todo o seu longo curso. E, ainda, à semelhança dos mananciais. Embora a sorte os conduza para muito longe, permanecem fieis às raízes de sua formação moral e intelectual.” Definiu a obra como o “melhor e mais autêntico atestado de brasilidade”, rendendo-se o autor à lembrança do torrão natal na oferenda do livro “A La Memória de Edward Leão, professor y poeta”. E, como uma premonição, nos diz que a pequenina Raul Soares, sumida no mapa deste imenso Brasil, um dia, ainda, se orgulharia do autor, em Buenos Aires. Na década de 40, foi um dos colaboradores do jornal “O Brasil de Hoje – literatura – arte – turismo – noticiário”.

Dilermando, como já dissera o Dr. Hugo Leão, na sua caminhada literária, é sempre fiel a sua origem.

“Casa Velha”, no livro “Primeiro Amor & os Outros”, páginas 84 e 85, é uma lembrança nostálgica da casa dos avós e à página 65 (animal com complexos) refere-se a Raul Soares “a cidade da zona da mata mineira e não a praça redonda de Belo Horizonte”. Em “Irmão Preto”, homenagem a Zumbi, Rei dos Palmares, com primoroso prefácio do senador Artur da Távola, a homenagem a nossa terra está na dedicatória ao mestre Edward Leão, à página 61 , em “Árabe Errante”.

Na sua mais recente obra “Água Mansa”, página 66: “Há um lugar neste mundo onde as prostitutas moram na rua do barro branco. É na minha terra.” Para os que ignoram assim se chamava antigamente a zona boêmia de Raul Soares.

Temos notícia de que Dilermando já tem em preparo um novo livro, este de contos. E, certamente, não será o último já que está na plenitude de sua produção intelectual.

Raul soares se orgulha de seu grande filho. O Neném de dona Jove está colocando Raul Soares em um lugar de destaque na literatura brasileira.

Autoria: José Geraldo Leal

Durval Octávio Grossi, Dr.


Ainda jovem, chegou a Raul Soares procedente de Abre Campo. Foi casado com dona Cecy de Souza Grossi (D. Cecy), filha do farmacêutico Aristides Pancrácio Alves de Souza. Seus filhos: Yonne, Carlos Alberto (já falecido), Carlos Henrique, Marco Antônio (falecido) e Francisco Aurélio.

Profissional competente, alinhou-se àquele grupo seleto de grandes médicos do Estado de Minas Gerais. Não poucas vezes, em condições adversas, realizou intervenções cirúrgicas de urgência, salvando vidas preciosas. Foi fiel aos princípios de Hipócrates: honesto, caridoso, não violou segredos, não corrompeu costumes, nem favoreceu o crime, não mercantilizou a nobre arte de curar. Mereceu, por isto, o respeito e provas de apreço da população.

Um exemplo concreto tivemo-lo por ocasião das eleições de 3 de outubro de 1958, quando se elegeu vereador à Câmara Municipal de Raul Soares com a maior votação já obtida por qualquer candidato em toda a história política de nosso município: 975 votos, espalhados por todo o município de Raul Soares, em todas as urnas. Já no pleito anterior, em 3 de outubro de 1954, elegera-se com expressivos 461 votos. Foi presidente da Câmara Municipal de Raul Soares na legislatura 1955/1958. Faleceu quando em pleno exercício do mandato na legislatura 1959/1962, sendo alvo de comovente homenagem dos seus pares.

Exerceu o mandato de prefeito municipal de Raul Soares de 1934 até 1945, inicialmente nomeado pelo interventor federal em Minas Gerais e confirmado no cargo pelos vereadores à Câmara Municipal de Raul Soares na histórica sessão de 1º de agosto de 1936, sendo o primeiro prefeito constitucional do município. Estiveram presentes à sessão os vereadores José Paolielo, que serviu como secretário; Antônio Vieira dos Santos, presidente; Arthur Pena, Aristides Pancrácio Alves de Souza, Dr. Raimundo Soares Albergaria Filho, Vicente Gonçalves Vieira, Dr. Luiz Domingos da Silva e Carmo Ferreira Parente.

Foi professor de latim no Ginásio São Sebastião, com o evidente propósito de colaborar com aquela saudosa casa de ensino e com os jovens estudantes de Raul Soares. Deixou no magistério consignada a marca de sua inteligência e da sua cultura, ensinando e formando caracteres. Foi contemporâneo dos médicos Dr. Carlos Cotrim Berla, Dr. Heitor Soares de Moura e Dr. Cincinato Sampaio, que por muitos anos cuidaram da saúde dos raulsoarenses. Trabalhou no Hospital São Sebastião desde a sua primeira hora, ao lado dos grandes amigos e colegas Dr. Wilson Elias Salomão e Dr. Ardim Rodrigues da Costa.

Fez de Raul Soares a sua verdadeira terra, contribuindo de forma ativa e eficaz para o progresso e desenvolvimento desta terra generosa. Tem o seu nome inserido em letras de ouro nas páginas da história do município de Raul Soares.

Autoria: José Geraldo Leal

Edward Leão, Prof.


Nasceu em 26 de abril de 1898, em Tocantins (MG). Foi casado com dona Maria de Aquino Leão, mulher de acrisoladas virtudes. Teve dois filhos, ambos já falecidos: dr. Hugo de Aquino Leão, causídico brilhante, grande tribuno, educador, esportista, político e jornalista competente; e José d’Aquino Leão, o nosso saudoso Moreno Leão, serventuário da Justiça, esportista, torcedor apaixonado do Clube Atlético Mineiro e Associação Esportiva Raulsoarense, a gloriosa Águia dos Eucaliptos, poeta de rara inspiração, pianista, jornalista.

O professor Edward Leão chegou a Raul Soares na década de 20. Foi a expressão maior da intelectualidade e da cultura de nossa terra. Profundo conhecedor da língua pátria, foi em Minas Gerais um dos luminares no ensino da Língua e Literatura Portuguesa. Lecionou, também, a Língua Francesa, idioma que dominou com muita maestria tendo o privilégio de conhecer no original autores como Flaubert, Dumas, Zola, Daudet, Victor Hugo e outros grandes autores que enriqueceram a literatura universal com grandes e imorredouras obras. A extensão de seus conhecimentos fizeram que, eventualmente, lecionasse outras matérias: História, Geografia, Biologia... Foi professor, inicialmente, em cursos particulares, atingiu o clímax do magistério no Ginásio São Sebastião, posteriormente transformado em Instituto São Sebastião, casa de ensino fundada pelo professor Álvaro Pacheco, da cidade de Viçosa, que funcionou por mais de uma década no prédio onde hoje está a usina da Cooperativa Agropecuária de Raul Soares, na rua Bom Jesus. O complexo de ensino "Instituto São Sebastião" compreendia: Ginásio, Escola Normal Juana Coele e Escola Técnica de Comércio Vinte de Janeiro.

O renomado mestre foi também compositor e poeta inspirado. Compôs os hinos do Ginásio São Sebastião e da Escola Normal Juana Coele. A sua obra poética bastante vasta tinha a influência das escolas parnasiana e simbólica, nas quais pontificaram Bilac, Cruz e Souza, Alphonsus de Guimaraens, o místico de Mariana.

Autorizado depoimento do também grande poeta Gonçalves da Costa nos diz que Edward Leão era "dotado de cultura geral invejável, tinha uma expressão fácil, copiosa e envolvente. Se entrávamos às apalpadelas num assunto qualquer ele notando algo logo tal situação, modestamente, e com habilidade, se esgueirava até atingir o assunto, dominando-o, dissecando-o até o âmago.

Sua produção literária encontra-se esparsa em todas as publicações da Zona da Mata, principalmente nos jornais "Raul Soares", "A Tribuna", "O Imparcial", e no "Jornal do Povo", o grande jornal de Ponte Nova do inesquecível Aníbal Lopes. Publicou os livros "Alma Errante", dedicado a Mário Mendes Campos, conterrâneo e amigo inseparável do poeta, e "Tapera Ensolarada".

Foi eficiente serventuário da Justiça mineira como titular do Cartório do 1º Ofício e do Registro de Imóveis da Comarca de Raul Soares. "Causeur" admirável e orador primoroso, conferencista e historiador, encantava a todos pela profundidade de seus conceitos, riqueza das imagens e pureza vernacular. Eventualmente, foi político, suplente de vereador à Câmara Municipal de Raul Soares. O seu falecimento, ocorrido em 9 de agosto de 1956, foi muito sentido nos círculos intelectuais e culturais. Minas Gerais perdeu, então, uma das suas figuras mais ilustres e fascinantes.

Autoria: José Geraldo Leal

Felisberto Luiz  de Faria


Felisberto, filho de Custódio Luiz de faria e Inácia Amélia de Jesus; irmão de José Nicácio de Faria, João Faria Neto, Oliveiro de Faria e Maria Nicácia de Faria (D.sinhá). Casado com Maria Ramos, não tiveram filhos.

Foi uma das figuras das mais interessantes da nossa Raul Soares. Inteligência aguda e muito senso de humor, sem descer à grosseria ou a vulgaridade.

Folião dos mais entusiasmados e puros. Desligava-se de tudo e de todas as pessoas e compromissos nos três dias de momo, naqueles bons tempos em que somente eram três os dias de folguedos.

A irreverência de Felisberto esteve presente de forma contundente e hilária quando em certa ocasião ao procurar o Juiz de Direito no Fórum foi informado que sua excelência estava na Igreja Matriz reunido com participantes de um curso de formação moral e religiosa.

(O competente e austero juiz, ex-seminarista, era também ministro da eucaristia, com profundos conhecimentos da doutrina cristã).

De outra feita, procurando o virtuoso vigário na casa paroquial foi-lhe informado que o padre estava no colégio onde desempenhava importantes atribuições. Com muita competência, diga-se de passagem. Dirigiu-se, então, ao colégio, e lá realmente se achava o senhor vigário que o atendeu com a melhor das atenções e boa vontade.

Em virtude destas ocorrências Felisberto costumava dizer que Raul Soares era uma cidade diferente das demais. Se se precisasse do juiz de direito o cidadão teria que ir a igreja. E se fosse o padre o procurado, deveria ser procurado no colégio.

Uma ocupação que muito prazer lhe dava era os pequenos negócios. Por intermédio de Felisberto era fácil adquirir-se um bom revólver, um relógio daqueles antigos de parede, tão valorizados, bicicletas, máquinas de costura. Comprava, vendia, trocava, financiava. Como se costuma dizer era “um cortador de negócios”.

Nos seus últimos anos de vida um dos seus pontos preferidos para negociação era a oficina de Geraldo Correa, muito chegado também a este tipo de negócios.

Felisberto tinha muita afeição à política como um entusiasmado correligionário do Dr. Luiz Domingos. Foi professor de presos na cadeia pública, exerceu atividades ligadas à Secretaria da Agricultura e foi fiscal municipal.

Homem de tratamento ameno e cordial não deixou inimigos.

Autoria: José Geraldo Leal

Frei  Marcos


Atentos leitores nos fizeram uma advertência veemente:- como é possível a omissão do nome de frei marcos na relação dos filhos do saudoso Jesuíno Luiz de faria?

Foi realmente uma falha, um lapso de memória dos mais lamentáveis, daqueles quase que imperdoáveis.

São por ocorrências dessa magnitude que os mais experientes e conspícuos fogem sempre à citação de nomes em seus escritos ou falas.

A nossa condição humana nos torna passíveis de erros, omissões e falhas que clamam aos céus.

Penitencio-me do erro cometido, fruto de involuntário e deplorável esquecimento, e presto a minha homenagem ao virtuoso frei marcos, uma das mais importantes figuras da nossa Igreja.

Homem culto, experiente, um humanista, sua palavra tem aberto o bom caminho para tantos e se constituído em apoio e alento para muitos outros em momentos de sofrimento e desespero.

A prática da religião na sua mais pura essência, a adesão voluntária à vontade de Deus expressa nas Escrituras Sagradas comparadas às “Cartas da Pátria” por Santo Agostinho, a renúncia às inutilidades e futilidades representadas pela materialidade das coisas terrenas conduziram-no a um patamar superior da existência humana sem que com isso perdesse a sua espontaneidade e humildade no trato com todos.

O seu campo de trabalho, no correr dos anos, tem apresentado dificuldades decorrentes de desníveis culturais e a agressividade típica das cidades grandes. A tudo, porém, vem superando pelo amor e fidelidade que devota a causa de Deus.

Sob alguns aspectos o ocorrido confortou-nos, e até nos trouxe uma ponta de vaidade, o insaciável sexto sentido de que nos fala Carlyle. Pudemos verificar que esta nossa modesta coluna tem leitores atentos - e muito atentos - gente como nós que acredita que “sem o passado não existe perspectiva de futuro e que o passado é a força do presente e do futuro”. Isso, traz-nos, também, maior responsabilidade, à par do desejo de dar continuidade ao nosso trabalho.

Autoria: José Geraldo Leal

Geraldo José de Melo

Geraldo José de Melo, o popular Geraldo Izauro de Vermelho Novo, nasceu em 19 de março de 1930. Seus pais: Izauro Sebastião de Melo e D. Ana Maria de Melo.

Participou ativamente da vida pública em Raul Soares elegendo-se vereador à câmara municipal, pela primeira vez, na legislatura 1967/1970, fazendo parte de um grupo seleto de vereadores: José Chaves, Afonso José Brito Filho, José Balbino Guedes, Wilson Menezes, Sebastião Ermita de Souza Ramos, Wiron Francisco de Souza Xavier, Geraldo Rossignoli, Aníbal Alves Martins, Dr. José Macário da Luz, Ruymar Fernandes Pombo, Irany de Lana Machado, José Cupertino Costa, Jorge de Souza Lima, Dr. Manoel Máximo Barbosa, Joaquim Mariano de Souza e José Marinho de Oliveira.

Repetiu o mandato nas legislaturas 1983/1988 – 1989/1992 e 1993/1996. Quando em pleno exercício do mandato na legislatura 1993/1996 veio a falecer sendo substituído por Gervásio de Souza lima.

Na campanha às eleições municipais de 1988 a sua participação foi muito importante para a vitória de Wiron.

A verdade é que os políticos de Vermelho Novo sempre tiveram forte presença na câmara municipal. Houve época, inclusive, - legislaturas 1971/1972 e 1977/1982 – que a presidência da câmara municipal foi exercida por um vereador representante de Vermelho Novo – Norival Augusto Rebelo.

Geraldo Izauro pautou a sua conduta política em exata consonância com a orientação partidária e com total respeito e cavalheirismo para com os colegas edís que muito sentiram o seu prematuro falecimento.

Na vida privada exerceu atividades comerciais em Vermelho Novo. Nos últimos anos de vida, ampliando os seus negócios, instalou em Raul Soares um bem montado estabelecimento no bairro Santana com bom atendimento a comunidade.

Autoria: José Geraldo Leal