quinta-feira, 30 de abril de 2009

Antonio Queiroz

Antônio Queiroz foi um homem bom. Guarda-livros aplicado procurou sempre aprimorar os seus conhecimentos no sentido de apurar-se na prestação de seus serviços profissionais.

Foi o responsável pela adoção do sistema ficha-tríplice na escrituração de várias empresas de nossa cidade. Assimilou o sistema através da publicação “Contabilidade Maquinizada”, de autoria de Silvino Barboza e Edmundo Mário Cavallari, dois eméritos contabilistas de São Paulo. O processo consistia na utilização de máquinas comuns de escrever, substituindo as máquinas especiais de contabilidade. A organização mais moderna, para aquele tempo, década de 1950, sem maiores despesas e ao alcance de todos. Abolia a escrita manual: borrador, diário, caixa e razão obtidos com uma única operação diretamente dos documentos. Possibilitava balancetes diários; abolia cinco operações da escrita manual e permitia controle perfeito e detalhes de todas as contas com economia de tempo e pessoal. Considerado, então, a mais revolucionária criação em uso, aplicável tanto aos pequenos comerciantes como as maiores indústrias.

Antônio Queiroz, constituiu uma família numerosa procurando conduzi-la de forma cristã legando com o seu exemplo um profundo respeito aos seus semelhantes. Amor e muita fé no poder divino foram as grandes marcas da sua existência.

Partícipe atuante da Congregação Mariana, um grupo admirável no corpo da Igreja Católica, Apostólica, Romana. Sobretudo, dedicou-se com entusiasmo a obra vicentina, deixando-se possuir pela lição de Frederico Ozanam, um literato, um professor consumado que no verdor de seus anos optou por servir aos pobres o que o levou a fundar a Sociedade São Vicente de Paulo, em Paris, no ano de 1833. Sobre Ozanam, diz-nos Paulo Sawaya, presidente do Conselho Central Metropolitano de São Paulo, em maio de 1953: “Ozanam não foi somente o fundador desta mais que centenária sociedade. Foi também um dos maiores do seu tempo, tanto na cátedra de literatura estrangeira da Sorbonne, como nas barras do tribunal de Lion. e, mais, ainda , como facundo e privilegiado escritor, foi estrela de primeira grandeza, cujo brilho jamais se ofuscou.mais o bem maior que se pode auferir do conhecimento deste jovem, que passou apenas quarenta anos no mundo, é o seu exemplo de amor, de tolerância, e dedicação as causas nobres.

Filho devoto e obediente da igreja católica, soube viver intensamente uma vida cristã e apostólica. Precursor da ação social , legou aos pósteros as benemerências de uma sociedade de caridade”. Também Antônio Queiroz, como Ozanam, praticou diuturnamente o bem procurando despertar consciências e fé no sentido de servir ao próximo com a grandeza daqueles privilegiados que fazem o bem sem exigir retornos vãos. A sua mão esquerda não tomava conhecimento do que a mão direita fazia, fiel a Mateus.

Foi um cristão total, convencido de que o preceito vicentino “Il faut enlacer la france dans un de reseau de charité” deveria empolgar a todos. por isto trabalhou, infatigavelmente. com o amigo Dr. Armando Sodré, empresário e fazendeiro, constituiu certa época uma empresa de prestação de serviços de terraplenagem, com atuação eficiente e benéfica a muitos que dos seus serviços se valeram. Foi durante muitos anos contador da industrial são Sebastião S.A. – Tarza. trabalhou, ainda, para a Empresa de Força e Luz São Sebastião Ltda.

Antônio Queiroz teve uma morte muito triste e violenta que somente terá justificativa pelos desígnios de Deus, em se tratando de um homem bom, justo e sempre solidário com o próximo, desinteressadamente. Morreu Antônio Queiroz, esmagado, dilacerado, nos trilhos de uma composição ferroviária, no centro de Raul Soares. Achava-se, então, no interior de um vagão ferroviário, no local onde temos hoje a Praça da Cultura. Comprava jornal, em banca móvel que levava jornais e revistas, de Ponte Nova a Caratinga. Ao se locomover para sair do vagão, caiu sob os trilhos, entre os vagões, em virtude de um movimento inesperado da composição que estava em processo de manobras para mudar de linha. Os ferimentos, os traumatismos, que sofreu, vísceras à mostra, impossibilitaram quaisquer intervenção cirúrgica para salvar a sua tão preciosa vida.

Só deixou amigos na sua trajetória útil e produtiva em nossa terra. Chegou a Raul Soares, procedente da região de Ponte Nova, nos últimos anos da década de 1940.

Foi sepultado no cemitério de Raul Soares. Foi um dos muitos filhos de outras paragens que, na sua passagem por Raul Soares, somou esforços para o nosso desenvolvimento, deixando-se, sobretudo, um exemplo de amor e dedicação a causas nobres.

Autoria: José Geraldo Leal

Nenhum comentário:

Postar um comentário