D. Astolfina Martins Weber foi uma das grandes mestras e administradora na área da educação em Raul Soares. Casada com o grande profissional de contabilidade e professor da Escola Técnica de Comércio Vinte de Janeiro, do Instituto São Sebastião, Sr. Gilberto Weber, constituíram uma família numerosa para os padrões atuais - oito filhos. As filhas seguiram a mesma trajetória da mãe; todas professoras. Margarida (Guirida), na fase áurea do São Sebastião destacou-se como uma das principais professoras pela sua cultura e refinada forma no tratamento com todos, do corpo docente e discente.
D. Astolfina exerceu a sua nobre missão de educadora na Escola Estadual "Benedito Valadares", naquela época "Grupo Escola Benedito Valadares", considerada ainda hoje uma escola padrão no ensino em Raul Soares, e com muita razão, tendo em vista a orientação que no correr dos anos vem sendo imprimida àquela escola fundada em Raul Soares nos anos 30.
D. Astolfina sucedeu à D. Maria Grossi na direção da escola. Foi muito responsável e competente na tarefa de ensinar e dirigir. Apesar das dificuldades dos dias atuais não hà comparação com os dias passados. Muito atraso nos pagamentos, e sem greves, impossíveis de ocorrerem, principalmente até meados da década de 40 estando o País sob o jugo de uma ditadura. D. Astolfina com toda paciência e doçura atendia às lamentações do seu professorado e muito prestimosa indicava-lhes procuradores para desembaraçar salários retidos na Secretaria das Finanças do Estado, após a tramitação regular pelos labirintos da Secretaria da Educação; Balmaceda foi o procurador que pontificava pela sua eficiência na liberação dos salários. As professoras mais prejudicadas eram sempre aquelas que na maior parte das vezes mais precisavam do surrado fruto de seu trabalho.
Por ocasião da aposentadoria a educadora Astolfina recebeu de Zita de Abreu Castro, também grande professora em Raul Soares que se transferira para Belo Horizonte, comoventes palavras que se tornaram públicas através do jornal "O Imparcial" de 12 de julho de 1953 – edição nº 15 que permitimo-nos transcrever como um preito à memória da Diretora Astolfina Martins Weber:
"Belo Horizonte, 23/06/53
D. Astolfina,
Foi com emoção que eu recebí as notícia de sua aposentadoria. E foi com todo fervor de minh’alma que roguei, então, a Deus as suas bernçãos e graças especiais para que a senhora possa gozar, com saúde e alegria, o prêmio que Ele mesmo acaba de conceder-lhe.
Seu dever com a Pátria está cumprido. O título de aposentadoria é a celebração da vitória.
Daqueles dias de trabalho vividos, com prazer, a seu lado, ficou para mim, principalmente, o exemplo de sua atitude firme, serena e digna nos momentos penosos e difíceis, quando os problemas eram complexos e exigiam prudência, tolerância e bondade.
Possa eu ainda, um dia, tirar proveito dos seus ensinamentos - sempre presentes na lembrança - e assim louvar a Deus pelo mal que eu não pratiquei.
Meu pesar, neste momento, é não poder juntar-me, pessoalmente, às colegas de Raul Soares para prestar-lhe a homenagem de carinho e respeito que o Grupo Escolar "Benedito Valadares" lhe deve.
Mas, se o corpo fica de longe, o coração está perto alegrando-se com os outros na festa de amizade e gratidão.
Vai para a senhora esta pequena lembrança de uma data grande e feliz.
Recomendações à família.
Zita de Abreu Castro."
Após o falecimento do companheiro de tantos anos e de tantas batalhas vencidas a mestra Astolfina mudou-se para Ipatinga, uma cidade ainda jovem, onde faleceu.
Merece a homenagem de Raul Soares pelo muito que fez em prol do desenvolvimento cultural deste rincão generoso das terras mineiras.
Autoria: José Geraldo Leal
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