quarta-feira, 29 de abril de 2009

Assad  Chequer

Assad Chequer, o Saéte, foi amigo de todos, indistintamente
.
Veio de terras distantes do oriente - o Líbano -, de cultura milenar, de muitas lendas e experiências maravilhosas ricas de conteúdo moral e místico, e lições de vida, imortalizadas na literatura brasileira pelo gênio do prof. Júlio César de Melo e Souza, o nosso Malba Tahan.

Saéte, foi tronco de uma família numerosa.

Homem humilde e solidário com os semelhantes.

Foi, sobretudo, um homem do trabalho.

Fazendeiro, comerciante (distribuidor por muitos anos do cimento Mauá na região), Liderou na década de 30 um grupo de cidadãos progressistas de nossa terra - Arthur Pena, José Sionfrônio de Castro – sô Juca Cristalino - Dr. José Grossi . . . constituindo a Empresa Força e Luz São Sebastião Ltda.

Os primórdios da questão da energia elétrica no município de Raul Soares, e a procura de uma solução, remontam ao ano de 1924. Em 5 de maio de 1924, através da lei nº 5, o presidente da câmara municipal de Matipóo foi autorizado a celebrar contrato com o presidente da câmara municipal de Rio Casca para fornecimento de energia elétrica ao nosso município. A legislação de então dispunha que a iluminação pública no perímetro urbano seria gratuita observando-se na fixação da tarifa para particulares os altos interesses dos consumidores fundamentados em esclarecimentos e idéias apresentadas à câmara municipal de Rio Casca.

Em 24 de junho de 1926, a lei nº 45, outorgou poderes ao bel. Francisco Diogo Pereira de Vasconcelos para organizar e explorar uma empresa de energia elétrica para eliminar a dependência de Raul Soares ao sistema energético de Rio Casca.

O papel da Empresa de Força e Luz São Sebastião Ltda. Foi muito importante no alavancamento da economia do município de Raul Soares tendo em vista que o suprimento de energia elétrica pela usina de Rio Casca era muito precário pela sua limitada capacidade de geração e a concessão do bel. Francisco Diogo Pereira de Vasconcelos não surtira os resultados almejados.

Saéte, procurava com perseverança dinamizar e ampliar as atividades do empreendimento. contudo, muitas barreiras e dificuldades se antepunham aos seus propósitos, especialmente de ordem burocrática.

Os preços do serviço - as chamadas tarifas - eram fixadas pelo governo federal, através do departamento nacional de energia elétrica, órgão do ministério da agricultura. não existia, nessa época, o Ministério de Minas e Energia.

As tarifas estavam sempre terrivelmente defasadas, não remuneravam o capital investido com os doze por cento previstos em lei, não possibilitando os investimentos reclamados pelos consumidores irados pelas deficiências nos serviços prestados com constantes quedas de voltagem e interrupções de fornecimento.

Saéte era reconhecidamente um homem de visão nos negócios e bom administrador.

O seu grande sonho sempre foi o aproveitamento do potencial energético do emboque o que não conseguiu concretizar em decorrência da baixa remuneração atribuída ao capital investido e a interferência excessiva do poder público conseqüente das diretrizes oficiais na fixação tarifária.

Saéte, certamente, agora, no descanso dos justos, deverá estar muito contente e feliz com o trabalho de aproveitamento do emboque concretizado pela companhia cataguases Leopoldina, concluído em 1998.

Sucumbindo a tantas situações adversas e desconfortáveis a empresa Força e Luz São Sebastião Ltda. encerrou com muita honra e dignidade o seu profícuo ciclo de atividades marcando indelevelmente, de forma muito positiva, a sua colaboração no crescimento e desenvolvimento industrial de Raul Soares.

Saéte, libanês de origem; um brasileiro, raul-soarense, de coração.

Gente nossa que a memória de Raul Soares registra e guardará “ad-aeternum”.

Autoria: José Geraldo Leal

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