quarta-feira, 29 de abril de 2009

Dilermando  Rocha  Galvão 


Ainda muito jovem Dilermando deixava antever que as letras seriam o caminho natural para a sua realização pessoal.

Nos tempos do Ginásio São Sebastião, na década de 40, fundou o jornal “A Voz do Estudante” com colaborações dos estudantes João Mendes de Faria, hoje eminente advogado em são Paulo, filho de Jesuíno Luiz de Faria; norma Brandão Pinto, filha de Gerino Guimarães Pinto; Julia Alba de Sales, a Nunu de dona Nora; Tereza Salim, da família Salim; José sad, filho de Assad Chequer, o pioneiro da eletricidade em Raul Soares; Henry dos Santos Leal, filho de D. Ilka dos Santos Leal e José Futrica, quem será? O editorial de apresentação do jornal de autoria do eminente professor José de Freitas Teixeira, um dos luminares da ciência do direito e da justiça, uma figura humana fascinante e grande promotor de justiça da comarca de Raul Soares.

Dilermando publicou inúmeros trabalhos em vários jornais do país, em nossa região no “Jornal do Povo”, de Ponte Nova, fundado pelo inesquecível homem de imprensa Aníbal Lopes e como sucessores os filhos José, Jacy e Gutenberg Lopes. Dilermando está presente, também, em algumas coletâneas de contos editadas no pais. Foi membro (ou ainda é), por mérito, de uma Academia de Letras de Belo Horizonte.

Em sua passagem pela Argentina publicou “Palabras Sincillas”. O Dr.Hugo de Aquino Leão em análise emocionada da obra e do autor, assim se referiu na edição nº 86, de 30 de março de 1958, do jornal “O Imparcial”: “Há homens como as fontes silenciosas, fertilizantes, puras e cristalinas. As fontes, sem embargo das extensas glebas que banham, estão sempre contando a história de suas nascentes de origem. Há homens assim. Suas vidas escorrem mansamente, umedecendo com a seiva de sua inteligência e bondade as vidas marginais, e conservando a mesma pureza e limpidez através de todo o seu longo curso. E, ainda, à semelhança dos mananciais. Embora a sorte os conduza para muito longe, permanecem fieis às raízes de sua formação moral e intelectual.” Definiu a obra como o “melhor e mais autêntico atestado de brasilidade”, rendendo-se o autor à lembrança do torrão natal na oferenda do livro “A La Memória de Edward Leão, professor y poeta”. E, como uma premonição, nos diz que a pequenina Raul Soares, sumida no mapa deste imenso Brasil, um dia, ainda, se orgulharia do autor, em Buenos Aires. Na década de 40, foi um dos colaboradores do jornal “O Brasil de Hoje – literatura – arte – turismo – noticiário”.

Dilermando, como já dissera o Dr. Hugo Leão, na sua caminhada literária, é sempre fiel a sua origem.

“Casa Velha”, no livro “Primeiro Amor & os Outros”, páginas 84 e 85, é uma lembrança nostálgica da casa dos avós e à página 65 (animal com complexos) refere-se a Raul Soares “a cidade da zona da mata mineira e não a praça redonda de Belo Horizonte”. Em “Irmão Preto”, homenagem a Zumbi, Rei dos Palmares, com primoroso prefácio do senador Artur da Távola, a homenagem a nossa terra está na dedicatória ao mestre Edward Leão, à página 61 , em “Árabe Errante”.

Na sua mais recente obra “Água Mansa”, página 66: “Há um lugar neste mundo onde as prostitutas moram na rua do barro branco. É na minha terra.” Para os que ignoram assim se chamava antigamente a zona boêmia de Raul Soares.

Temos notícia de que Dilermando já tem em preparo um novo livro, este de contos. E, certamente, não será o último já que está na plenitude de sua produção intelectual.

Raul soares se orgulha de seu grande filho. O Neném de dona Jove está colocando Raul Soares em um lugar de destaque na literatura brasileira.

Autoria: José Geraldo Leal

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