Geraldo José do Carmo era mais conhecido por Geraldo César em virtude dos fortes laços de amizade que o ligavam a Césare Augusto Tartaglia.
Foi competente mecânico e um dos mais eficientes colaboradores de Césare.
Na fábrica de enxadas Tarza foi encarregado geral. Sua dedicação e entusiasmo foram fatores relevantes para o sucesso do empreendimento liderado por Césare; uma iniciativa deveras ambiciosa para uma época muito difícil, pós–guerra.
No desenvolvimento de seu trabalho Geraldo contou com excelentes companheiros. como chefes de seção: Antônio Rodrigues Gomes (português, e como não poderia deixar de ser um torcedor inflamado do Vasco da Gama do Rio de Janeiro. Um de seus filhos tem o nome de Vasco. Homenagem ao clube ou ao navegador; Manoel Augusto de Souza, Ângelo Leão Bispo. Cuidavam da produção zelando pela sua qualidade; no setor produtivo um grupo homogêneo e decidido: Espoleta, Todinho, Joel nos serviços de prensa. Vavá, Zé Nortista, Sidney, José Castorino, José Otávio, mais adiante Paulo Costa, Ervalino, nos marteletes e laminação; Hermezindo, Arcendino, Sebastião Maia, Alvino, na esmerilhagem; Adão, Tunico, na embalagem; Luiz Bonde, Raimundo Galdino, Itamar, Expedito na aplicação de aço. E cuidando da saúde do equipamento os mecânicos: Amantino, Sebastião ferreira Alves, José Quirino, Joaquim Mateus, Wilson Paschoal e mais adiante Agostinho Paschoal, Rubens Paschoal, Murilo Braga e Zé Parafuso. Muitos outros companheiros fizeram parte da equipe de Geraldo.
Com Césare, Geraldo dedicou-se a diversas pesquisas e experiências, para aprimoramento do produto fabricado. Uma delas, que por motivo de moléstia de Césare não pode ser concluída, um processo para laminação por siderúrgica de uma chapa que denominavam “dois terços”. consistia na fabricação de uma chapa contendo uma parte de aço de alto teor de carbono, na proporção de dois terços sobreposta a outra parte, de um terço, de aço de baixo teor de carbono. O objetivo seria eliminar o dispendioso e trabalhoso processo que a indústria adotava - calçamento através de soldagem elétrica - com eletrodo cuja composição fora formulada por Césare. esta inovação na fabricação substituía o processo de caldeamento. comumente usado. Geraldo e Césare discutiam quase que diariamente a questão. Uma conceituada empresa siderúrgica acreditou no projeto “Dois Terços” dispondo-se a colaborar para viabilizá-lo. Quando paralisaram os estudos Césare e Geraldo preocupavam-se com a questão dos gases que se formariam na lingoteira. Temiam o seu rompimento com a ocorrência de danos ao equipamento siderúrgico e outras conseqüências imprevisíveis. Se mais saúde tivesse Césare, e ambos mais anos de vida, certamente o projeto teria prosseguimento e com muitas possibilidades de êxito.
Geraldo, espírito curioso, lançou-se também certa época, ao trabalho de pesquisa sobre o “moto–contínuo”. Solução procurada por muitos para redução de custo industrial. Os robôs da atualidade, utilizados em larga escala, principalmente na indústria automotiva devem ser conseqüência de pesquisas sobre o “moto–contínuo” em que pese algumas características singulares de ambos.
Geraldo foi um grande esportista. Torcedor apaixonado do Fluminense do Rio de Janeiro, um Fluminense ganhador com Bigode, Didi, Castilho, Veludo, Pinheiro, Telê e outros grandes jogadores que acumulavam muitas vitórias e títulos. foi também atleta aplicado e vigoroso na defesa da camisa que vestia.
Deixando a Tarza Geraldo iniciou uma nova etapa de atividades. Com as economias que amealhou comprou um caminhão dedicando-se ao transporte de mercadoria para o comércio de Raul Soares. Continuou ligado a tarza, agora como transportador de seus produtos e de material que consumia.
Faleceu como sempre viveu: trabalhando. Estava em repouso quando teve conhecimento de um incêndio que irrompera em depósito de gás próximo a sua casa. Talvez ignorando o seu estado de saúde ou isso não levando em conta, juntou-se a outras pessoas que tentavam debelar as chamas com todo o entusiasmo e valentia. O seu coração não suportou os esforços feitos, sendo vítima de um infarto.
Um dos filhos de Geraldo reside em Raul Soares, Geraldinho, uma das glórias do esporte raul-soarense. Como o pai, mecânico.
Autoria: José Geraldo Leal
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