quarta-feira, 29 de abril de 2009

José Domingues, Pe.

Nasceu aos dois dias do mês de outubro do ano de um mil e novecentos. Faleceu em Raul Soares em consequência de acidente de carro, fato este que provocou muita emoção e traumatizou a população de nossa cidade que tanto o amava e venerava.

A ocorrência verificou-se na ladeira da Rua Adelino Azevedo, conhecida como rua do hospital. Os comandos do veículo que dirigia apresentaram defeitos e a viatura em desenfreada carreira morro abaixo, chocou-se violentamente em um muro na rua Francisca rosa causando-lhe lesões de suma gravidade que motivaram sua morte. No local do acidente há um marco registrando o triste acontecimento.

O Pe. José Domingues chegou a Raul Soares procedente de Leopoldina, na década de 1940.
Substituiu o Pe. Francisco Ermelino Ribeiro, que se transferira para são José do goiabal.

Muito trabalhador e homem de iniciativas arrojadas transformou completamente o perfil de atuação da igreja na cidade de Raul Soares.

Sua primeira ação efetiva em benefício da comunidade voltou-se para as crianças pobres através da instalação de um lactário para distribuição gratuita de leite reforçando, assim, a alimentação.

Retomou as obras da igreja matriz cuja construção fora iniciada e interrompida, ainda nos alicerces, já decorridos alguns anos.

Muito criativo, promoveu campanhas inteligentemente orientadas envolvendo toda a comunidade no projeto, conseguindo os recursos necessários no momento certo.

Fez campanhas para doação de tijolos, cimento, areia, pedra, madeira, mão de obra. Instituiu o livro de ouro para registro de doações em espécie, mais expressivas.

Líder autêntico. Carismático.

Prestava contas com rigor e com assiduidade de todas as receitas e despesas, à medida que as obras se desenvolviam.

Concluída a construção da igreja matriz voltou a sua atenção para a construção de um hospital.

Tomara conhecimento de que há algum tempo atrás houvera uma iniciativa para dotar o município de um hospital, realmente muito necessário à assistência à saúde da população. Aquela iniciativa, contudo, fracassara, em que pese os esforços das pessoas que se envolveram no projeto. Chegara até a ser construído um prédio que, cedido ao professor Alberto Álvaro Pacheco, um educador muito competente e conceituado de viçosa (MG), originou o Ginásio São Sebastião que prestou relevantes serviços à educação dos jovens do município de Raul Soares e de cidades vizinhas que, bem preparados, galgaram cursos de nível superior tornando-se profissionais de valor: médicos, dentistas, professores, contadores...

Lançou-se, então, o Pe. José Domingues, com a sua costumeira garra e entusiasmo, à construção do hospital. Desenvolveu o mesmo esquema de trabalho adotado na construção da igreja matriz. O resultado foi o mesmo: o sucesso!

Para dirigir o Hospital São Sebastião trouxe para Raul Soares o grande médico Dr. Wilson Elias Salomão, reconhecidamente um dos maiores cirurgiões do Estado de Minas Gerais e uma figura humana da maior grandeza.

Na igreja, fez acontecer em Raul Soares algumas cousas muito expressivas e inéditas para os paroquianos: as comemorações da Semana Santa, com a participação de grande número de religiosos no atendimento de confissões e pregações no templo e nas praças públicas, nas cerimônias tocantes do encontro, do calvário; as piedosas procissões com a ocorrência de milhares de pessoas de toda a região.

Podemos dizer que a ação da igreja em Raul Soares dividiu-se em dois tempos: antes do Pe. José Domingues e depois do Pe. José Domingues.

Foi um grande realizador, um autêntico tocador de obras, como se costuma dizer. Muito mais, certamente, teria realizado se sobrevivesse àquele fatídico acidente.

Convidado, certa ocasião, para candidatar-se ao mandato de prefeito municipal de Raul soares, recusou. Homem inteligente, sabia bem que a paixão política acaba por comprometer as ações de alguém como ele que deveria se colocar sempre acima das paixões partidárias para ter o apoio incondicional e o respeito irrestrito de todos em suas iniciativas em benefício da comunidade, como sempre ocorrera.

Autoria: José Geraldo Leal

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