quinta-feira, 30 de abril de 2009

Armando  Sodré, Dr.

Oriundo do estado do Espírito Santo chegou a Raul Soares procedente de Rio Casca, tendo ali contraído núpcias com d. Olga Martins Teixeira - dona Vidinha – de conceituada e tradicional família rio-casquense.

Foi fazendeiro e industrial.

Trouxe para a sua fazenda uma espécie de café cultivada em larga escala no Espírito Santo ocupando o cafezal vastas áreas de sua propriedade, popularmente denominada “Fazenda Sodré”.

Com vocação para a indústria montou na fazenda uma bem aparelhada serraria cuja produção vendia principalmente em Belo Horizonte onde instalou um depósito de madeiras serradas (tábuas, ripas, caibros...)
Dedicou-se, também, à fabricação de telhas e tijolos, em cerâmica devidamente equipada.

A marca “Cerâmica Sodré” passou a ser sinônimo de qualidade pela excelência de seus produtos.

Foi pioneiro na fabricação de pás de ferro em nossa cidade, com matéria prima procedente da Cia. Siderúrgica Nacional, de Volta Redonda.

Fabricou, também, tijolos refratários para revestimento de fornos de siderúrgicas; pratos de louça e peças de porcelana.
Tornou-se um competente técnico em cerâmica, com anotações múltiplas de suas várias experiências, que um dia pensou enfeixar em livro, objetivo que não chegou a concretizar.

O desejo de aprimorar a qualidade dos produtos que fabricava motivou o cadastramento de sua empresa no ministério das relações exteriores, na carteira de imigração, para admissão de técnicos europeus em ferramentaria e cerâmica, em uma época, pós-guerra, em que o governo federal desenvolvia esforços no sentido de incrementar a industrialização do país.

Amigo de Césare Augusto Tartaglia, desde a época em que residiram em Rio Casca juntou-se a ele no trabalho de ampliação da fábrica de enxadas Tarza, exercendo o cargo de presidente da Industrial São Sebastião Ltda., durante vários anos. A sua experiência e cabedal de conhecimentos técnicos, hauridos no curso de engenharia que concluíra em Ouro Preto, foi um dos fatores decisivos ao sucesso do empreendimento na fase difícil de instalação e consolidação.

Preocupado com o problema de moradias em Raul Soares loteou áreas de sua propriedade vendendo os lotes a preços módicos e a longo prazo, surgindo, então, a vila Sodré, hoje totalmente urbanizada, estendendo-se até ao antigo pontilhão ferroviário da rua Bom Jesus.

Politicamente adepto entusiasta da União Democrática Nacional – UDN, fez questão de registrar o grau de sua admiração aos políticos da UDN, nos nomes das ruas de sua vila: Carlos Lacerda, Virgílio de Melo Franco...

Alto, esguio, circunspeto, enganava à primeira vista.

O “homem-cactus”, como de certa feita o chamou o jornalista Dr. Hugo de Aquino Leão, em uma bela crônica no jornal “O Imparcial”, tinha em coração enorme. A sua contribuição nunca faltou aos amigos e à comunidade.

Certa vez o seu dileto amigo Antônio Queiroz, guarda-livros aplicado e eficiente, à busca de uma melhora de padrão de vida, propôs-lhe uma sociedade comercial: a constituição de uma empresa, que entre outras atividades teria a prestação de serviços de terraplenagem e preparo de terras para o cultivo. Não tergiversou, apoiou a idéia do amigo, incondicionalmente, ajudando-lhe com os recursos necessários para compra do trator.

Sobre Antônio Queiroz, devo dizer que foi um cidadão que se notabilizou pela sua religiosidade e solidariedade humana. Um mariano de fé e um seguidor dos princípios de Frederico Ozanam, o criador da obra vicentina, notável sob todos os aspectos.

O Dr. armando Sodré foi presidente da União Democrática Nacional – UDN, de Raul Soares, exercendo o mandato de vereador por este partido à câmara municipal de Raul Soares, na legislatura de 1951/1954.

Uma das principais características do Dr. Armando Sodré, no exercício do mandato de vereador, foi o pioneirismo de sua atitude em sendo vereador, antecedendo em cerca de quarenta anos o princípio constitucional expresso no artigo 54 – seção v.

Foi, também, vereador à câmara municipal de Rio Casca, na legislatura de 1924/1927. Vice-presidente, em exercício da presidência da edilidade rio-casquense, no impedimento do presidente Dr. Edmundo Rocha, coube-lhe, juntamente com o presidente da câmara municipal da Vila do Matipó, em exercício, cel. Carlos Gomes Brandão, a escolha dos árbitros que deveriam determinar a quota de responsabilidade do município, nas dívidas e obrigações da câmara municipal de Rio Casca, contraídas quando o município de Matipó fazia parte daquele município, como distrito de São Sebastião de Entre Rios. Os escolhidos, então, de comum acordo, foram o Dr. Asdrúbal Teixeira de Souza, pelo município de Rio Casca, e o Dr. Antônio Manoel Pinto Coelho, por Matipó.

Sem maiores percalços o trabalho desenvolveu-se de modo eficiente evidenciando-se, assim, a clarividência e competência dos ilustres cidadãos envolvidos na questão.

Foi esta, inegavelmente, a atuação de maior relevo do Dr. Armando Sodré em prol do município de Raul Soares.

Autoria: José Geraldo Leal

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